Pipetagem de amostras para amplificação do DNA - Divulgação/ Polícia Civil
Pipetagem de amostras para amplificação do DNADivulgação/ Polícia Civil
Por Maria Luisa de Melo
Rio - Mil e quatrocentos códigos genéticos, armazenados em um grande banco de dados, abastecido constantemente, formam um arquivo de esperança para a elucidação de crimes e identificação de restos mortais de desaparecidos de todo o Estado do Rio.

Mantido pelo Instituto de Pesquisa e Perícias em Genética Forense, da Polícia Civil, desde 2013, o banco de DNA abriga perfis de condenados por crimes hediondos e de natureza violenta, como homicídio, estupro, latrocínio e até porte de arma de uso restrito, além de perfis genéticos de desaparecidos e de familiares de desaparecidos, de crianças de filiação incerta e até material de objetos pessoais de desaparecidos.

Através do banco de dados foi possível elucidar casos como o de um idoso com Alzheimer, que desapareceu em 2014, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Na ocasião, a família dele registrou o sumiço em uma delegacia da região, mas só conseguiu descobrir o paradeiro três anos depois.

Ainda em 2014, três cadáveres foram encontrados na região próxima à que o idoso tinha sido visto pela última vez. Na ocasião, os três indivíduos tiveram o material genético registrado. Nessa época, ainda não havia sido inserida nenhuma informação sobre o DNA de familiares do idoso. Mas assim que isso ocorreu, estava desvendado o paradeiro da vítima. O Codis (software do FBI usado no banco genético dos estados e da Polícia Federal) indicou que havia vínculo entre um dos corpos e os familiares do idoso.

“O banco genético é fundamental, principalmente para casos como esse, quando não temos como comparar o material de familiares do desaparecido com o de um corpo específico. Simplesmente jogamos as informações sobre o DNA de familiares de desaparecidos no banco de dados”, explicou Tatiana Hessab, administradora do banco estadual de perfis genéticos.

Meta é inserir mil perfis de presidiários em 1 ano
Dos 1.400 perfis coletados desde 2013, 700 foram colhidos nos presídios do estado há menos de um ano. Através de convênio com a Secretaria Nacional de Segurança Pública, dois peritos percorrem os presídios estaduais com a meta de inserir ao menos mil perfis em um ano. O banco de DNA está inserido na Rede Integrada de Perfis Genéticos, com consulta aberta.

O Ministério da Justiça explica que, desde 2012, a Lei de Identificação Criminal obriga que condenados por crime doloso, violento ou hediondo passem pela extração de DNA. A advogada Isabel Figueiredo, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca a importância de investimento em todos os setores da polícia técnica.
“A perícia genética é comparativa. Ela compara materiais genéticos. Mas para que seja eficaz, é necessário que as outras áreas da perícia também sejam. Como você vai comparar o material genético de um suspeito se a perícia de local de crime não for bem feita e você não tiver material colhido na cena do crime? É fundamental que haja investimento dos estados em toda a polícia técnica”.
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DNA ARTE - ARTE SOBRE FOTO DE DIVULGAÇÃO DA POLÍCIA CIVIL