A fotógrafa Valda Nogueira morreu atropelada por ônibus na Tijuca  - Fábio Caffé
A fotógrafa Valda Nogueira morreu atropelada por ônibus na Tijuca Fábio Caffé
Por RENAN SCHUINDT

Rio - A Polícia Civil está em busca de imagens de câmeras de segurança que possam levar ao responsável pelo atropelamento que resultou na morte da fotógrafa Valda Nogueira, de 34 anos, que trafegava de bicicleta. O caso aconteceu na noite da última quinta-feira (3), na Tijuca, Zona Norte do Rio.

Segundo testemunhas, um ônibus teria provocado a queda da ciclista. O motorista fugiu do local sem prestar socorro à vítima. Em protesto, um grupo de ciclistas se concentra na noite de hoje, na Cinelândia, de onde seguem em direção à Praça Saens Peña. O caso é investigado pela 19ª DP (Tijuca).

Valda voltava da faculdade no momento do acidente. Segundo relados, o ônibus teria passado em alta velocidade quando atingiu a ciclista. Ela chegou a ser socorrida por pedestres para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, Zona Sul da cidade. Além de fraturar a bacia, a fotógrafa também teve uma hemorragia interna. Valda chegou a passar por uma cirurgia de emergência, mas não resistiu.

A família de Valda não reside no Rio, o que dificultou a liberação do corpo junto ao Instituto Médico Legal (IML). A cremação aconteceu somente na segunda-feira. Sua mãe, que vive na Suíça, chegou no domingo à cidade. Já o pai mora na Bahia. Às 19 horas de hoje, cerca de 100 ciclistas vão se concentrar em frente ao Cine Odeon, na Cinelândia. De lá, o grupo seguirá até a Tijuca. Entre as ruas que fazem parte do trajeto está a Rua Heitor Beltrão, onde a fotógrafa foi atropelada.

Olhar apurado

Conhecida pelo trabalho documental que realizava junto aos movimentos sociais, a fotógrafa estava no auge da carreira. Atualmente, retratava a vida de apanhadores de flores da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais. Em suas fotografias, a artista gostava de direcionar o olhar para o lado humano.

Amiga de Valda, a fotógrafa Fernanda Dias lamentou a perda: "Ela não tinha medo de viver. Estava sempre preocupada com as pessoas. Sua vida foi tirada por alguém que não se preocupou com a vida do outro. Bem diferente do que ela fazia. Que o responsável seja punido", desabafou.

Em 2012, Valda passou pela Escola de Fotógrafos Populares. No ano seguinte, se formou pelo Observatório de Favelas, ambos na Maré. De acordo com amigos, 'fotografia documental humanista' era o termo usado por ela para classificar seu trabalho. Cultura, território e ancestralidade eram temas recorrentes da fotógrafa.

 

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