Com um custo de cerca de R$ 3,5 milhões por legislatura e criada sob a justificativa de auxiliar deputados com mudança e transporte no início e no fim da legislatura, a verba para "mobilizar e desmobilizar gabinetes" beneficiou até deputados presos. Segundo o departamento financeiro da Assembléia Legislativa (Alerj), os dez deputados presos nas operações Cadeia Velha e Furna da Onça, em 2017 e 2018, respectivamente, receberam a grana, em dezembro de 2018.
Ainda segundo dados da Alerj, só com André Corrêa (DEM), Coronel Jairo (SDD), Chiquinho da Mangueira (MDB), Edson Albertassi (MDB), Jorge Picciani (MDB), Paulo Melo (MDB), Luiz Martins (PDT), Marcos Vinícius Neskau (PTB), Marcelo Simão (PP) e Marcos Abrahão (SDD) a Casa desembolsou cerca de R$ 250 mil, no fim do ano passado, sendo R$ 25 mil bruto para cada um deles.
Dos 34 reeleitos, só três devolveram a verba: Luiz Paulo (PSDB), Martha Rocha (PDT) e Waldeck Carneiro (PT). Entre os novatos, Chicão Bulhões (Novo) acompanhou o trio. Seu correligionário, Alexandre Freitas, abriu mão da metade.
Com o advento da verba de gabinete, de R$ 26 mil mensais, o presidente da Alerj, André Ceciliano, garante que a Casa não gastará mais nenhum centavo com o tal benefício. "O auxílio-paletó, que era o 14º salário dos deputados, foi extinto em 2013. Desde então, esse benefício ficou sendo pago no início e no fim das legislaturas. A gente acompanha uma lei federal, isso acontece no Congresso", defendeu. "Mas agora, com a verba de gabinete, isso tem que parar. Vamos acabar com isso", prometeu ele, que esteve à frente da reunião que autorizou o pagamento do benefício no início do ano.
Procuradas, as defesas de Chiquinho da Mangueira, Coronel Jairo, Luiz Martins e Marcos Abrahão não retornaram os contatos. Advogado de Edson Albertassi, Márcio Delambert, informou que "os valores recebidos foram absolutamente legais". Jorge Picciani nega ter recebido o dinheiro no fim de 2018. A reportagem não conseguiu contato com as defesas de Marcelo Simão, Paulo Melo, Marcos Vinícius Neskau e André Corrêa.
Em segundo lugar, Marcos Muller (PHS) foi o que mais economizou. Dos mais de R$ 80 mil creditados em sua conta, só usou R$ 1.146, 01.