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Nunca se matou tanto em operações policiais como este ano, segundo fontes oficiais. O Instituto de Segurança Pública separa as estatísticas por conglomerados de bairros: até agosto, foram 1.249 mortes do tipo, no estado.

O DIA obteve, via Lei de Acesso à Informação, dados dos registros de ocorrência para saber em quais bairros específicos da capital há mais mortes em confrontos com agentes do Estado, além do perfil das vítimas.

A compilação das informações seguiu a forma como o registro foi preenchido na delegacia: das 516 mortes na capital, 339 continham nomes dos bairros, descritos no infográfico. Alguns informavam o local da morte (via pública ou favela), cor da pele e idade.

Bangu, na Zona Oeste, liderou os registros de janeiro a agosto de 2019, com 31 mortes em confrontos. O bairro pertence à Área Integrada de Segurança Pública (Aisp), nomenclatura utilizada pelo ISP, onde a polícia mais matou na capital: 102 casos. Bangu pertence à Aisp 14, que ainda reúne Campo dos Afonsos, Deodoro, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Realengo e Vila Militar. Juntos, eles detêm 8,17% do índice no estado.

Dos 516 registros, a polícia apontou que 401 eram negros ou pardos; 42 brancos. Homens, entre 21 e 24 anos, representam 33% das mortes, sendo a faixa etária mais representativa, seguida de 25 a 29 anos, com 17% das mortes.

Cidade de Deus, Complexo do Alemão e Maré estão entre as dez regiões mais conflagradas. A Polícia Civil também apontou que mais da metade dos confrontos ocorreu em favelas desses bairros: 302 casos.

"A cultura de atirar para matar passou a ser um padrão. Quanto maior o número de mortes, mais os policiais naturalizam essas práticas, mais os comandos planejam operações violentas e mais os números sobem. Os policiais colecionam essas estatísticas em vez de fazer algo para mudar essa realidade", diz a socióloga Silvia Ramos, do Observatório de Segurança Pública.

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