Apontada por especialistas como a parcela da população que mais vai sofrer com a proliferação da covid-19, os moradores das favelas começam a viver um drama na tentativa de evitar o contágio. É no Bicão do Ouro Preto que André Luis capta água para utilizar diariamente nos afazeres domésticos. Banho, comida, lavagem de roupa, tudo é feito com a água barrenta que vem do poço. Assim como ele, outras 3,5 mil pessoas dependem da água barrenta para sobreviver. Ali vivem pelo menos 110 famílias, em barracos e casas sem qualquer tipo de saneamento.
O problema não é nenhuma novidade para o poder público. E apesar de diversas denúncias feitas pelo O DIA, a solução parece algo distante. "Fica complicado. Estamos em uma sinuca de bico. Não sabemos se adianta ou não tomar os cuidados nessas circunstâncias", reclama André.
Presidente da Associação de Moradores, Rafael Nazareth, diz que apenas uma parte da favela recebe água limpa. “A Cedae regularizou o abastecimento na parte baixa do morro, mas não sabemos até quando. Já na parte alta, onde dependemos da água do Bicão, ainda não houve ação. A comunidade está bastante preocupada. Não tivemos nenhuma visita dos órgãos públicos para conscientizar a população sobre a prevenção ao coronavírus. Nós é que estamos tentando passar as informações por aqui”, diz o representante.
FALTA D’ÁGUA NA BAIXADA
Enquanto o Camarista é abastecido com água suja, quem vive em São João de Meriti, reclama que a água sequer chega às torneiras. “Inúmeros casos de coronavírus e a gente não tem água para lavar as mãos. Não adianta nada as autoridades passarem informações e não darem as condições para que a gente se defenda”, reclamou a moradora da Rua Indiana, Ivone Silva. Nas redes sociais, moradores das ruas Cobalto e Cristal, também relataram o mesmo problema.
O QUE DIZ A CEDAE?
Em nota, a Cedae informou que o Camarista Méier é abastecida por rede da companhia e que, inclusive, “já efetuou a ampliação da capacidade da elevatória, aumentando a oferta de água de 8 para 11 litros por segundo”. Sobre a falta de abastecimento no alto do morro,a Cedae disse que a localidade do Bicão “encontra-se em cota elevada, acima de 100 metros, e sofre com a ocupação desordenada e irregular, e não cabe à companhia fiscalizar e/ou controlar construções em áreas irregulares”, E ressaltou a importância de informar que “qualquer construção deve ser precedida de consulta à Cedae para verificar se o terreno é atendido por rede de água e esgoto, requerendo a DPA e DPE (Disponibilidade de Abastecimento de Água e Disponibilidade de Esgotamento Sanitário)”.
Já em relação à falta de água em São João de meriti, a cedae informou que técnicos irão aos endereços informados na manhã desta quinta-feira (19/03).