Witzel rebate Bolsonaro: 'Estamos tomando medidas e o governo federal, fazendo política'
Governador do Rio se queixa de falta de diálogo com governo federal e cobra cooperação
Rio - O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, defendeu no início de tarde desta sexta-feira as medidas restritivas adotadas pelo estado para conter o contágio do novo coronavírus. O anúncio de isolar o estado e a capital, com interrupção de transporte de passageiros e pontes-aéreas, foi alvo de crítica durante a manhã pelo presidente Jair Bolsonaro.
O decreto estadual publicado na noite de quinta-feira suspende voos internacionais, ou nacionais com origem nos estados São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Distrito Federal e demais estados em que a circulação do vírus for confirmada, entre outras medidas. A publicação previa a regulação da Agência Nacional de Aviação.
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Witzel defendeu que seu governo segue as orientações da Organização Mundial da Saúde e cobrou empenho do governo federal, que segundo ele, "está fazendo política" em vez de trabalhar.
"Estamos seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde, estamos olhando para os estados como a Itália, como a Espanha, onde as pessoas estão contabilizando corpos e são os mais velhos. O governo federal precisa fazer sua parte, disse Witzel em entrevista ao programa RJTV, da TV Globo.
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"Enquanto a gente está tomando medidas aqui, o governo federal fica fazendo política. A gente precisa parar com isso. Vamos trabalhar", acrescentou.
O governador se queixa de falta de diálogo do governo federal com os governadores. Witzel e outros governadores escreveram uma carta com seis pontos à Brasília, pedindo ajuda financeira aos estados. "Nós não temos diálogo com o governo federal. Os governadores precisam se comunicar com carta. Estamos fazendo reunião, trabalhando a mil por hora, tentando salvar pessoas. As pessoas estão perdendo emprego, desesperadas", criticou.
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Witzel disse que se reuniu com outras autoridades do estado, como os presidentes do Tribunal de Justiça, Cláudio de Mello Tavares, e da Assembleia Legislativa, André Ceciliano, além de deputados para levantar recursos para pessoas em vulnerabilidade social. "Estamos atrás de recursos para as pessoas que estão com fome, sem trabalho, principalmente os autônomos. Colocar essas pessoas na rua é levá-las para a morte. Muitas vezes são idosas. Agora é hora de buscar solução. Nós estamos catando migalhas que temos diante das crises que estamos enfrentando: a do petróleo e a falta de arrecadação com a pandemia", disse.
O governador disse ainda que uma resolução da Secretaria Estadual de Transportes vai definir como o decreto de ontem será posto em prática. A determinação é de que a capital fique isolada dos demais municípios da Região Metropolitana do Rio. Apenas trabalhadores de serviços essenciais poderão circular nos transportes públicos intermunicipais. "Estamos em uma guerra contra um inimigo invisível. Serão entre 60 e 90 dias de muita restrição pra poder evitar que a gente fique contabilizando corpos como na Itália", disse.
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O governador orientou ainda que cuidadores de idosos que moram em outro município, devem dormir com o idoso. "Não pode sair e voltar. Isso é um risco elevadíssimo". Witzel anunciou a criação de um call center para esclarecer dúvidas da população.