A Casa Mãe Mulher fica em Belford Roxo - Divulgação
A Casa Mãe Mulher fica em Belford RoxoDivulgação
Por LUANA BENEDITO
Rio - Uma das principais recomendações dos especialistas e da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a prevenção do novo coronavírus é lavar as mãos com água e sabão. Para alguns soa corriqueiro, cotidiano e habitual, no entanto, para outros, o artigo de higiene é alto luxo. Atenta às necessidades dos mais vulneráveis, Sandra Santos, fundadora e coordenadora da Casa Mãe Mulher, em Belford Roxo, Baixada Fluminense, e funcionária há 25 anos do Degase, está com uma campanha de arrecadação para comprar produtos de limpeza pessoal para as famílias de jovens que cumprem medidas socioeducativas e também para os adolescentes que estão com as visitas suspensas por causa da covid-19.

"Nós atendemos muitos moradores de comunidades carentes na Casa Mãe Mulher. É absurdo pensar nisso, mas muita gente não tem dinheiro para comprar sabão. Às vezes, eu vejo as mães levando um sabonete cortado ao meio, outras me contam que pegaram aquele que estava há muito tempo dentro da gaveta, algumas me pedem para levar para os filhos", diz a funcionária pública, de 55 anos, que trabalha há 22 no Centro de Atendimento Intensivo (CAI) de Belford Roxo.
Casa Mãe Mulher arrecada doação para a compra de material de higiene para família de jovens que cumprem medidas socioeducativas - Divulgação
De acordo com Sandra, a unidade fornece sabão, mas a quantidade é escassa. “Nesse momento, a gente precisa de abundância para lavar a mão toda hora, ainda mais lá dentro”, destaca. Além da compra de material de higiene, a arrecadação também ajudará na manutenção da Casa Mãe, que sobrevive de doações. "Não gosto de pedir dinheiro, eu prefiro que as pessoas levem as coisas para lá e conheçam o nosso trabalho. Mas, por causa do coronavírus, as pessoas estão ficando em casa seguindo as recomendações de isolamento", completa.

O Departamento Geral de Ações Sócio Educativas (Degase), conforme o decreto publicado pelo governador Wilson Witzel com medidas para o combate à covid-19, suspendeu as visitas de familiares. No entanto, neste período, está mantido o recebimento de documentação e demais pertences pessoais autorizados para os jovens.
Casa Mãe Mulher fica em Belford Roxo, na Baixada Fluminense - Divulgação

Segundo Sandra, muitos familiares vêm de longe da Região dos Lagos e Minas Gerais. Além da proibição das visitas, há também um decreto que paralisa a circulação do transporte intermunicipal de passageiros que liga a Região Metropolitana à cidade do Rio e também a circulação de transporte interestadual de passageiros com origem nos seguintes Estados: São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Distrito Federal e demais estados em que a circulação do vírus for confirmada ou situação de emergência decretada. "A gente não sabe quando isso vai acabar, então, qualquer quantia será muito bem vinda", afirma.
As doações podem ser feitas por meio de depósito e transferência bancária para as seguintes contas nome de Sandra S Lima Paulo: Banco Bradesco (Agência 2079-6, Conta Corrente, 0552146-7); Banco do Brasil (Agência 1823, Conta Corrente 68756-1); Banco Itaú ( Agência 6104; Conta Corrente 14265-5). E para Scheila dos S G Nicacio: Banco Caixa Econômica (Agência 0190, Operação 013, Conta 00068710-0).
Sandra Santos, fundadora da Casa Mãe Mulher - Divulgação
A Casa Mãe Mulher

Sandra, então cozinheira da unidade do Degase, criou a casa de acolhimento há sete anos por não aguentar mais ver uma cena que se repetia com frequência: mães, avós, parentes dos adolescentes que viajavam por horas para a visita, ficavam sem alimentação e desmaiavam por causa da fome.

"Abri esse espaço pensando na nossa condição de mulher, de querer ir ao banheiro e às vezes, não ter onde e ficarmos expostas nas ruas", diz a funcionária, que, hoje, trabalha no administrativo após a terceirização da cozinha. A iniciativa começou modesta com uma barraca de apoio em frente ao CAI de Belford Roxo, no bairro Jardim Redentor.
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Atualmente, a Casa Mãe Mulher funciona às quartas e sábados em uma residência em frente à unidade. O espaço atende, em média, 120 famílias por semana. "Nós damos café da manhã e almoço. Tem gente que só come lá na casa, às vezes, aquele prato de comida é o sustento da semana", conta Sandra.
Sandra Santos ganhou o prêmio Claudia em 2019 pelo trabalho desenvolvido na Casa Mãe Mulher - Divulgação
O espaço, que conta com 40 voluntários, oferece também palestras e roda de conversa para as mulheres. "O espaço tem um cunho religioso, então, fazemos um pequeno. Não fazemos distinção de religião, só damos uma palavra de motivação para que elas fortaleçam a fé", conclui a coordenadora.

Sandra Santos foi a vencedora do Prêmio Claudia, em 2019, na categoria Trabalho Social pela dedicação, ações desenvolvidas e trajetória na Casa Mãe Mulher.