Por O Dia

Na guerra contra o novo coronavírus, os profissionais do front começam a sofrer com a falta de equipamentos de proteção. Desde o dia 19 de março, a Associação Médica Brasileira (AMB) recebe denúncias de falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) nas redes públicas e particulares de saúde do país. O Rio de Janeiro representa o segundo estado com o maior número de reclamações — 242 até a última atualização.

Para os profissionais de saúde, a jornada de trabalho se torna mais perigosa sem máscaras N95 e PFF2, utilizadas para evitar contágio pelo novo coronavírus, e de óculos de proteção, equipamentos apontados como ausentes em 86% e 78% das denúncias, respectivamente. Na prática, a situação é muito mais preocupante, aponta uma médica da rede pública de saúde, que preferiu não se identificar. De acordo com ela, nas unidades onde atua há falta generalizada de EPIs, e os profissionais da saúde acabam comprando o material por fora, principalmente as máscaras N95, indisponíveis nas unidades.

No cotidiano, a médica critica a falta ou a precariedade do capote, vestuário de proteção indicado como ausente em 67% das reclamações recebidas pela AMB. "Nas redes municipais e estaduais em que trabalho, não temos nenhum capote à disposição e, quando temos, a vestimenta não é impermeável e, por isso, não é a ideal", afirma. Desde o começo da pandemia no Rio, ela conta apenas com álcool em gel, sabonete e máscaras cirúrgicas para a proteção individual, e alerta que a ausência de EPIs neste momento é preocupante.

"O grande problema que observamos é que o pico (da epidemia) ainda não chegou e, sem o equipamento, estamos sendo expostos junto com a população. Quando chegarmos a esse momento, podemos estar doentes também, junto com todo mundo. Agora é a hora de defender o profissional de saúde", reivindicou.

Descuido com as equipes 

Na hora do atendimento, muitos profissionais seguem desamparados desde o começo da crise, como um médico da rede municipal, que também preferiu não se identificar: "Na minha unidade, o uso dos EPIs é racionado, apesar de a diretoria garantir que estão disponíveis. Muitas vezes não temos acesso, mesmo em unidades de muita exposição, como sala de recepção de pacientes", informou. Além disso, ele comentou que não há uma sala de isolamento respiratório para pacientes confirmados ou suspeitos de Covid-19.

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