Presidente Jair Bolsonaro - AFP
Presidente Jair BolsonaroAFP
Por O Dia

Rio - Menos de 12 horas após um pronunciamento ir ao ar num tom conciliador, o presidente Bolsonaro voltou ontem a apostar na polêmica. Ele publicou pela manhã uma fake news em uma de suas redes sociais. Era um vídeo em que um trabalhador dizia que a Ceasa de Belo Horizonte, em Minas Gerais, estava desabastecida. A publicação foi apagada após os produtores do mercado garantirem que as atividades seguem normalmente e que não existe risco de falta de produtos. A direção da Ceasa ressaltou, inclusive, que há excesso de produtos por conta do isolamento social causado pelo novo coronavírus. Além disso, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, compartilhou fotos e vídeos pelo WhatsApp que mostravam que a situação estava normal no mercado. Ela disse que o vídeo postado por Bolsonaro foi feito quando a Ceasa estava sendo higienizada.

Em seu quarto pronunciamento feito em cadeia nacional de rádio e televisão, na véspera, o presidente resolveu, na última terça-feira, alterar, pela primeira vez, o tom de seu discurso em relação à pandemia do novo coronavírus. Ao contrário do que vinha dizendo em seus três discursos anteriores, Bolsonaro pediu que fosse feito um pacto nacional para o combate à pandemia e afirmou que a Covid-19 é o maior desafio dessa geração.

POLÊMICAS

Mas não foi a primeira polêmica em que Bolsonaro se envolveu durante o período da pandemia. Em outras ocasiões, como no primeiro pronunciamento feito em 6 de março, o presidente minimizou as consequências do coronavírus. "Ainda que o problema possa se agravar, não há motivo para pânico", disse à época.

Quatro dias depois, em um discurso feito em Miami, nos Estados Unidos, o presidente manteve a mesma opinião. Nessa oportunidade, Bolsonaro chegou a chamar o vírus de 'fantasia'. "Obviamente, temos no momento uma crise, uma pequena crise. No meu entender, muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propala ou propaga pelo mundo todo", afirmou.

Duas semanas depois, no dia 24, Bolsonaro voltou a fazer novo pronunciamento, o seu terceiro em rede nacional para tratar do novo coronavírus. Desta vez, o presidente disse que as escolas deviam estar abertas, já que as crianças não fazem parte do grupo de risco. "O que se passa no mundo têm mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 aos. Então, por que fechar escolas?", questionou.

 

Postura do presidente é criticada por autoridades locais e chefes de estado
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No mesmo discurso em que falou do fechamento das escolas, Bolsonaro minimizou o novo coronavírus, chamando-o de uma 'gripezinha', e disse que, por praticar esportes ao longo da vida, estava tranquilo em relação à propagação do vírus. "O meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha, ou resfriadinho, como disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão", afirmou.

No dia 27, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, no programa 'Brasil Urgente', da Band, o presidente afirmou que alguns brasileiros irão morrer ao contrair a doença. "Infelizmente, algumas mortes terão, paciência, acontece, e vamos tocar o barco".

A postura de Bolsonaro não tem sido bem vista por prefeitos, governadores e até outros chefes de Estado ao redor do mundo. Autoridades municipais e estaduais vão na contramão do que pensa Bolsonaro e afirmam que o isolamento social será mantido em detrimento da reabertura do comércio. Já Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, que, anteriormente, tinha voz nas entrevistas coletivas, agora, é um mero coadjuvante.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, que está infectado pela Covid-19, tem incentivado a população a permanecer de quarentena. O governante britânico publicou, ontem, um vídeo dizendo a seguinte mensagem: "Ao ficar em casa vamos vencer o coronavírus, proteger o sistema de saúde e salvar vidas". Já o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que no início tinha a mesma visão de Bolsonaro, mudou o tom recentemente e já cogita proibir voos vindos do Brasil.
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