Para combater o avanço do coronavírus, Adriana Nascimento, do Méier, resolveu vender máscaras de tecido 
na porta de casa - Fabio Costa/Agencia O Dia
Para combater o avanço do coronavírus, Adriana Nascimento, do Méier, resolveu vender máscaras de tecido na porta de casaFabio Costa/Agencia O Dia
Por O Dia

Devido à falta de máscaras nos hospitais do Brasil, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, mudou as orientações em relação ao uso do acessório. Anteriormente, a recomendação era que fosse utilizada apenas as cirúrgicas. Porém, por conta da crise, outros tipos passaram a ser aceitas, como as de tecido.

O ministro Mandetta defende o uso de qualquer barreira de pano, como lenço, para evitar o contágio em locais como o transporte público e o trabalho. Entretanto, médicos alertam que é preciso utilizar a máscara de pano de forma correta para evitar contaminação, principalmente porque ainda não há estudos sólidos sobre a eficácia.

Chrystina Barros, pesquisadora em saúde do CESS/UFRJ, reforça que o momento é de isolamento social. Ela também diz que as máscaras de pano devem ser usadas somente por quem exerce algum tipo de atividade essencial ou precisa sair na rua por urgência. A pesquisadora alerta como elas devem ser, de fato, usadas.

"Não basta colocar a máscara e ficar o dia inteiro com ela. A partir do momento que ela fica úmida, perde a função de proteção. Outro ponto importante: depois de colocadas e ajustadas no rosto, protegendo obrigatoriamente nariz e boca, não é pra colocar as mãos na parte da frente. Essa parte pode estar potencialmente contaminada", explica Chrystina.

A pesquisadora ainda ensina o procedimento correto para reutilizar as máscaras de pano. "Quando for trocar, guarde-a num saco fechado e, chegando em casa, lave-a muito bem com água e sabão". Ela acrescenta que "elas devem ser de uso individual e é importante buscar utilizar sempre o mesmo lado da máscara", avisa.

Em relação aos tutoriais vistos na internet de como fazer uma máscara caseira, Roberta França, médica geriatra e psiquiatra, esclarece que são apenas tentativas de fazer uma espécie de 'barreira' entre a pessoa e o meio externo. "Quando você bota o coador de papel, o lenço, você está fazendo uma 'barreira' e não significa que ela seja eficaz. O ideal é a máscara descartável. Se não tiver acesso a ela, usa a de pano, mas vai precisar ser muito bem higienizada e mais vezes trocada ao longo do dia", destaca.

Não à toa, a venda de máscaras de pano virou oportunidade de renda extra. É o caso de Adriana Nascimento, que vende a R$ 8. Já costureira Kátia dos Santos aproveita tecidos variados. "Tenho recebido pedidos até de São Paulo. Tenho máscaras diferentes estampas, de oncinha, de barquinho e de florzinha", conta.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que elabora instruções sobre o uso de máscaras de pano. A pasta destaca que a máscara é uma barreira física e pode ser feita de tecido por quem não tem outra alternativa. Com relação ao uso das máscaras de proteção, recomenda que a população deixe aquelas aprovadas pela Anvisa para serem usadas pelos profissionais da saúde e pessoas com sintomas.

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