Por *Rachel Siston

A pandemia de Covid-19 parece não ter alterado a rotina dos bancos na semana de pagamentos de salários e aposentadorias. Ontem, a reportagem flagrou filas em agências do Banco do Brasil, Caixa Econômica e Itaú, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. O grande número de pessoas nas filas pode ter sido ocasionado por uma decisão da Justiça, que na quinta-feira determinou que as agências atendam idosos, devido à dificuldade que eles têm com modelos digitais de atendimento.

A aposentada Denise José dos Anjos, de 64 anos, enfrentou a aglomeração, mas não conseguiu atendimento presencial no Banco do Brasil. Com dificuldades para lidar com o caixa eletrônico, ela decidiu voltar para casa, para evitar se expor mais ao vírus. "Como eu não sei mexer em internet, nem no caixa eletrônico, sempre tiro meu dinheiro com os caixas, mas dessa vez não consegui", contou.

Em notas, os bancos recomendaram o uso de meios digitais em casos não essenciais e lembraram que o fluxo tem sido limitado devido à pandemia. As agências estão funcionando das 10 às 14h.

Em três dias de operação, o Disque Aglomeração já recebeu mais de 300 ligações sobre desrespeito ao isolamento social, e a Zona Oeste lidera o ranking com o maior número de denúncias.

Profissionais aproveitam filas para orientar população e divulgar trabalhos
A auxiliar em enfermagem e instrumentadora cirúrgica, Ana Santos, de 60 anos, aproveitou o grande número de pessoas nas filas para alertar a população sobre o risco do novo coronavírus, aferir pressão e fazer o glicoteste. Ela conta que já realizava trabalho voluntário, mas sentiu necessidade em colaborar durante a pandemia.

"Eu faço trabalho voluntário há muito tempo e o coronavírus me incentivou mais a orientar as pessoas. Eu como profissional, faço a minha parte e as pessoas precisam se conscientizar sobre a seriedade dessa doença. Nesse momento, precisamos deixar de lado até o dinheiro”, afirmou a agente de saúde.

Já o músico Ronaldo Martins aproveitou a grande circulação de pessoas para divulgar seu trabalho como saxofonista. O músico relata que desde o início do isolamento social, não foi mais contratado para tocar em eventos e agora precisa se arriscar para conseguir sua renda.

“É uma situação atípica e a gente precisa sobreviver. Sou profissional liberal, quem vai me manter? Algumas pessoas vão ter que se expor. É muito difícil viver de música no Brasil, principalmente agora. Mas, sou otimista e acredito que esse advento trará ventos bons para os pequenos artistas. Vai dar tudo certo quando isso acabar.”
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