Por Anderson Justino

Em tempos de pandemia por conta do novo coronavírus, a mensagem transmitida ontem pelo Papa Francisco, aos católicos, durante a missa de Domingo de Ramos, é para que permaneçam em casa e exerçam a fé. Por conta do isolamento social, as igrejas estão se reinventando para celebrar as datas importantes e, assim, contando com a participação dos fiéis, mesmo que distantes. O início da Semana Santa abre caminho para a Páscoa, que este ano será menos doce, com a estimativa de queda de vendas pelo comércio, mas não com menos fé.

Ontem, as celebrações nas igrejas católicas, que normalmente atraem centenas de fiéis, foram realizadas com portas fechadas e sem a presença do público. As missas presenciais foram substituídas por transmissões ao vivo pela internet. O foco é evitar aglomerações de pessoas para impedir a propagação do vírus.

"Nós temos uma Semana Santa diferente das outras, mas sempre será uma Semana Santa, em que celebramos o grande mistério da Páscoa. Temos as várias celebrações que marcam a Semana Santa e elas serão realizadas por todas as nossas igrejas, porém sem a presença do público", disse o arcebispo do Rio Dom Dom Orani Tempesta.

"O povo estará em suas casas assistindo através das redes sociais ou por outros meios de comunicação. Desejo uma santa e feliz Páscoa, sabendo que, no meio do medo e das ameaças, no meio das doenças que estão ao nosso redor, que o nosso Senhor está presente no meio de nós, ressuscitado e vivo. Se Deus quiser, no próximo ano estaremos nas igrejas, nas ruas e nas praças, com mais fervor e mais ânimo", completa o líder religioso.

Na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Ilha do Governador, Zona Norte, os ramos de palmeiras colocados nos bancos representaram os fiéis e suas famílias. Apesar do pedido para que as pessoas ficassem em suas casas, um pequeno público acompanhou a missa realizada pelo padre Gilvan André da Silva, respeitando a distância de dois metros.

Na Igreja Matriz São Jorge, em Quintino, o padre Dirceu Rigo falou sobre a importância de exercer a fé dentro de casa.

"É um momento muito triste, mas é um momento até mesmo de priorizar a fé íntima com Deus. As famílias estão podendo fazer de suas casas um templo de Deus. Estamos buscando soluções para ir ao encontro dos fiéis. A igreja é cada um de nós e o amor está demonstrando isso. Não podemos perder nossa fé, não podemos perder nossa esperança que está depositada em Deus".  

A data celebra o momento em que Jesus entrou em Jerusalém, sete dias antes de sua ressurreição.

 

Uma missa diferente
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Uma das estratégicas adotadas pela igreja católica foi pedir aos fiéis que adquirissem seus ramos, colocassem nas portas de suas casas e assistissem a santa missa através da rádio, televisão ou internet. A Arquidiocese do Rio seguiu as orientações das autoridades de saúde e cancelou a procissão de Ramos. Os católicos receberam as bençãos de Ramos dentro do lar.
"Esse ano não conseguimos ir à missa. Como não foi possível, colocamos nas portas para abençoar e proteger nossa casa e família. Nesse momento difícil é importante ter fé", disse a aposentada Gilda Machado, moradora da Penha.
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Algumas paróquias adotaram o sistema "drive-thru", para abençoar aos fiéis.
Já o padre Marcelo Rossi homenageou os profissionais da área da saúde que estão atuando na linha de frente em combate à pandemia do novo coronavírus.
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Apesar de vazio, o Santuário Mãe de Deus na Avenida Interlagos, em Santo Amaro, em São Paulo recebeu milhares de fotos de pessoas que trabalham em hospitais e postos de saúde.
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Prejuízo de R$ 478,3 milhões
Estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio) estima que o número de consumidores que tem a intenção de presentear nessa Páscoa caiu 38,6 pontos percentuais em relação ao ano passado. Essa queda é um reflexo do isolamento social, devido à pandemia da Covid-19. A pesquisa também estima uma redução na movimentação econômica, que deve injetar cerca de R$ 478,3 milhões neste ano, menos da metade do estimado em 2019, que foi de R$ 970,4 milhões.
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Para não ficar no prejuízo e deixar o bacalhau fora da mesa, comerciantes estão adotando medidas para atender a clientela. No Mercado Municipal do Rio de Janeiro (Cadeg), as lojas estão trabalhando com sistema de entregas, é o que explica um dos representantes do mercado, Jorge Coelho.
"Nesse período a procura é muito grande aqui na Cadeg, mas por conta desse vírus a situação se reverteu. Muitos comerciantes fizeram grandes pedidos e, por isso, adotamos medidas como a entrega em domicílio", explica.
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