Por Juliana Pimenta

Médicos e enfermeiros saem todos os dias de casa com o objetivo de salvar vidas, isso todo mundo sabe. Mas o trabalho da equipe de saúde não depende só desses profissionais. Atividades às vezes pouco valorizadas contribuem para que a sociedade consiga resistir em tempos de crise. É o caso dos garis. Muitas vezes ignorados, os profissionais de limpeza têm se empenhado para, durante a pandemia, diminuir riscos de propagação do coronavírus.

"Eu fico preocupado, é sempre um risco. Principalmente porque moro com meus pais e tenho medo quando, ao fim do dia, volto para casa. Estou sempre passando álcool em gel, usando máscara e tomando o máximo de cuidado na rua", conta Mateus Avelino, gari da Comlurb.

"As ruas estão mais vazias, muita gente está obedecendo a ordem de ficar em casa e deixando o trabalho um pouquinho mais tranquilo", explica o profissional que, trabalhando na Zona Portuária, costuma ouvir elogios. "Quando alguém passa por mim na rua é para agradecer. Outro dia me disseram: 'vocês são os guerreiros que estão cuidando da cidade, na linha de frente'", comenta.

Encarregado da limpeza das ruas e vielas da Rocinha, Jorginho Filho reconhece a importância de seu trabalho e diz que a favela também é uma aliada na luta contra o vírus. "Eu só saio de casa para trabalhar porque é um trabalho fundamental. Se a gente deixar de trabalhar, podem ter várias outras doenças além da pandemia, e a comunidade entendeu isso. A gente sabe que tem uma galera que tem menos grana e se não trabalhar, não tem como sobreviver. Mas tenho visto muitas medidas para contornar isso, como os mototaxistas saindo com luva para trabalhar. Fico feliz com essa mudança de comportamento".

Mesmo com novos hábitos que inclui deixar roupas e calçados fora de casa e entrar direto para o banho, Jorginho consegue ser otimista. "Se tiver um lado positivo nisso tudo, é saber que a galera percebeu como a limpeza é importante. O carioca não merece ficar doente. A gente merece nossas praias, nosso Maracanã. O carioca ama isso e aprendeu a amar os garis. O nosso trabalho é o funcionalismo público mais amado que existe. Eu me sinto muito feliz de fazer parte desse time e recebo carinho por onde passo".

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