Ao ser levada para um hospital particular, a estudante de psicologia Ariel Pontes, de 24 anos, que joga futebol e não tem problemas de saúde, jamais imaginou que teria sido infectada pela Covid-19. Mas no hospital onde foi atendida, uma placa alertando sobre os setes sinais da doença chamou sua atenção. Com remédios prescritos, Ariel foi encaminhada para o tratamento em casa. Isolada no quarto, a jovem passou 12 dias sem conseguir sair da cama.
"Mal conseguia ver TV. No hospital, senti o despreparo da equipe. As pessoas não queriam me atender. Eu não tinha forças para gritar por ajuda", relata a jovem, que acredita ter contraído a doença no caminho de casa para o trabalho.
Ela acredita ter passado o coronavírus para a mãe e a namorada, que tiveram sintomas leves e não fizeram o teste. Passados os dias da doença, Ariel ainda sofre com o preconceito: "Fui ao supermercado, mas vi os olhares das pessoas do meu condomínio".
A executiva de vendas Kricia Fernandes, de 34 anos, moradora do Pechincha, na Zona Oeste, acredita ter contraído o vírus logo depois do Carnaval. Ela chegou a ficar desesperada: "Minha mãe comprou tudo descartável, usamos muito álcool 70 em tudo dentro de casa, limpava o banheiro com cloro. Passei os 14 dias no quarto", contou.
Já curada, Kricia continua de quarentena e alerta sobre a importância de ficar em casa: "As pessoas têm que entender que passa, mas é preciso tomar cuidado e respeitar".
O casal de idosos Roberto Reis, de 79; e Nancy Reis, de 78, moradores da Barra da Tijuca, foi parar no CTI depois de que ambos apresentaram os sintomas da doença. Roberto conta que a esposa já voltou de uma aula de Pilates com sinais de gripe. Duas semanas depois, acabaram internados no CTI.
Religiosos, eles passaram aquela semana em oração, no hospital. "A gente acha que a desgraça só acontece com o outro", disse o senhor, já em casa ao lado da esposa desde o último sábado. "Houve um movimento muito grande de solidariedade dos nossos amigos e da família", emociona-se Roberto.
