
A pandemia do coronavírus tem provocado inúmeros problemas socioeconômicos para a sociedade em geral. Porém, os moradores das favelas são os que mais têm sentido a crise chegar sem bater na porta, e enfrentam o medo de ficar sem comida. Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, em parceria com o Data Favela, 60% dos moradores de comunidades não possuem recursos financeiros para se sustentar por mais de uma semana, sem que precisem de auxílio ou de retornar ao trabalho.
A pesquisa alerta para o fato de que praticamente todos os moradores de comunidades não terão alimentos suficientes para um mês. O sinal de alerta se acende ainda mais já que em metade dos lares os mantimentos deverão acabar nos próximos sete dias.
O levantamento também destacou que mais da metade dos moradores têm tido dificuldades para encontrar alimentos e itens de higiene perto de casa. Nesse universo, oito em cada dez pessoas precisam sair das suas comunidades para encontrar alimentos e itens de higiene.
Com a necessidade de se deslocar para comprar produtos básicos, a pesquisa reforça que os moradores com recursos financeiros enfrentam desabastecimento nas regiões onde moram. Com isso, eles ficam ainda mais expostos à contaminação pelo novo coronavírus, pois precisam fazer deslocamentos maiores para adquirirem produtos para subsistência. Outro dado preocupante é que falta água potável em quase metade (47%) dos lares das favelas.
"A pesquisa constatou que, infelizmente, questões logísticas dificultam que doações de cestas básicas cheguem dentro da favela, muitas vezes obrigando os moradores a terem que se deslocar para fora da comunidade para receber a doação", diz Celso Athayde, fundador do Data Favela. O instituto ouviu 1.808 moradores de 269 favelas, entre os dias 4 e 5 deste mês.