Rio,14/04/2020-COVID-19-CORONAVIRUS,VISTA ALEGRE,Herois da Pandemia,entregadores de farmacia .Na foto. Daniel Machado(mascara preta) e Luiz Paulo, entregadores da droga news .Foto: Cleber Mendes/Agência O Dia
Rio,14/04/2020-COVID-19-CORONAVIRUS,VISTA ALEGRE,Herois da Pandemia,entregadores de farmacia .Na foto. Daniel Machado(mascara preta) e Luiz Paulo, entregadores da droga news .Foto: Cleber Mendes/Agência O DiaCléber Mendes
Por Juliana Pimenta
Rio - O Ministério da Saúde e o governo do Rio têm feito coro com a Organização Mundial da Saúde e afirmam: não há medida mais eficaz para a contenção do novo coronavírus do que o isolamento social. Mas, para que essas determinações possam ser cumpridas, é imprescindível que a população continue tendo acesso a produtos que garantam sua sobrevivência, como água, comida e medicamentos. Nesse cenário, os entregadores - em grande parte sobre duas rodas - são os principais aliados de quem decide ficar em casa.

Daniel Machado é entregador de uma farmácia em Vista Alegre, bairro da Zona Norte, e diz que o volume de trabalho cresceu com a pandemia. "Aumentou muito a quantidade de entrega. Para se ter ideia, quase triplicou. Isso porque a maioria das pessoas fica em casa e alguém tem que levar até elas. Até quem não comprava por telefone começou a pedir agora", explica o trabalhador que também tem tomado um cuidado especial na sua rotina.
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"A primeira coisa que eu faço quando chego na farmácia é lavar a mão. E, além de ficar de máscara o tempo todo, eu tento manter a maior distância possível dos clientes", explica que Daniel que, pelo menos, tem sentido a gratidão do carioca toda vez que finaliza uma entrega.
"Na Páscoa, por exemplo, muita gente deu bombom. Você vê o reconhecimento do pessoal. Eles falam que, se não fosse pela gente, eles podiam até morrer, porque eles dependem dos remédios para continuar vivos", conta.
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Proteção para os amigos
Já Alexandro Pereira faz outro tipo de função. Trabalhando em pet shop, o entregador destaca a importância do seu serviço para quem tem animal de estimação em casa. "O pet shop não fecha. E a gente que trabalha como motoboy, que vive disso, não tem jeito. A gente está nas ruas, correndo risco, mas é por causa dos bichinhos, porque tem bichinho doente, que precisa de remédio ou precisa comer", explica o rapaz que anda cansado com o aumento do volume de trabalho.
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"A gente não para de trabalhar desde que começou essa doença. Mas não tem outra opção, a gente tem que trabalhar para sobreviver. A gente sabe que é uma doença grave, mas a gente luta contra a doença. Somos guerreiros: sobreviventes dessa crise e soldados dessa guerra", defende Alexandro.
O medo vai na garupa
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Apesar de se proteger como consegue - com uso de máscara e álcool gel -, Alexandro se preocupa com toda essa exposição por conta do seu trabalho. "A gente convive muito com os clientes. É um contato muito grande até porque a gente vai na casa deles todos os dias", explica o entregador que também teme pela saúde na minha companheira.
"E eu moro com a minha namorada. Ela, que trabalha com limpeza em agência bancária, talvez esteja numa situação até pior do que a minha, porque ela fica o dia todo em contato com muita gente. E ela corre o risco de trazer essa doença para dentro de casa, seja pegando no banco ou no metrô, voltando do trabalho", destaca.
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Daniel compartilha da preocupação. "A princípio eu não tenho tanto medo porque eu não sou do grupo de risco. Mas eu tenho cuidado por causa das pessoas que estão à minha volta. Eu tenho um filho pequeno, tenho uma avó idosa que mora perto de mim e eu nem tenho ido mais visitar com medo de passar alguma coisa pra ela", explica o entregador que viu uma colega de trabalho, balconista da farmácia, contrair o coronavírus.