Carla Dias - Reprodução web
Carla DiasReprodução web
Por Luana Benedito e Yuri Eiras
Rio - Uma técnica de enfermagem da Polícia Militar morreu com o novo coronavírus no Hospital Central da PM (HCPM), no Estácio, nesta quarta-feira. Carla Dias, 46 anos, sargento da corporação, trabalhava na unidade de saúde há 22 anos. Ao O DIA, funcionários do hospital denunciaram a falta de equipamentos de proteção individual.
"A máscara que distribuíram foi a PFF2S que é descartável. Mas eles orientaram a descartar apenas quando saturar. Ou seja, molhar de suor, respiração ou sujar por algum motivo", relata uma funcionária, que preferiu não se identificar.
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De acordo com os militares, a estimativa é que 40% de funcionários estejam afastados por suspeita da covid-19. "Há muitos técnicos de enfermagem e enfermeiros em casa por suspeita do coronavírus", conta um policial. "No meu setor tem três pessoas afastadas", completa.
Funcionários dizem que a diretoria de saúde da polícia suspendeu as atividades nas Unidades Básicas de Saúde que existem em alguns batalhões, como em Cascadura, Olaria, na Zona Norte da do Rio, São João de Meriti, na Baixada Fluminense, Cabo Frio, na Região dos Lagos, e Campos, no Norte Fluminense. Esses atendimentos foram centralizados para o Hospital Central, e, por isso, o prédio agora tem movimentação bem maior que o normal durante todo o dia. Com muitos casos suspeitos de coronavírus dentro do hospital e poucos equipamentos de proteção, a tensão entre os funcionários é cada vez maior.
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"Os pacientes com suspeitas de covid-19 e sem apresentação de déficit do quadro respiratório não precisariam de atendimento aqui, tecnicamente falando. O nosso quadro de médicos é muito bom, temos especialistas em várias áreas que trabalham em hospitais renomados do Estado. Ver meu hospital assim acaba comigo. Estou emocionalmente afetado. Trabalho aqui há muito tempo, virou minha segunda casa", diz uma funcionária da unidade. 
Em nota, a assessoria da PM lamentou o ocorrido. "Ao ser internada no HCPM, a sargento Carla foi submetida a teste para covid-19, cujo resultado deu negativo. Um novo exame está em análise para contraprova. Lotada no Hospital Central da Polícia Militar, a Sargento Carla era técnica em enfermagem e ingressou na Polícia Militar do Rio de Janeiro há 22 anos. Tinha 46 anos de idade, era casada e deixa um filho. A corporação está prestando todo o apoio à família da sargento e, oportunamente, divulgará informações sobre o sepultamento", diz o documento. A corporação, no entanto, não comentou as denúncias dos funcionários do hospital.
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Amigos lamentam morte nas redes sociais
Nas redes sociais, amigos da sargento Carla lamentaram a morte da policial militar, que foi descrita como alegre e contagiante. 
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"A covid-19 conseguiu levar minha amiga no dever do seu trabalho.Uma pessoa maravilhosa e com uma alegria contagiante, que tive o imenso prazer de conhecer", declarou uma amiga. 

"Ainda sem acreditar, uma pessoa tão bacana. Que Deus conforte o coração de todos os seus familiares", escreveu outro colega.