Obras no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju, abrem mais duas mil gavetas para sepultamentos na cidade - Gilvan de Souza
Obras no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju, abrem mais duas mil gavetas para sepultamentos na cidadeGilvan de Souza
Por Yuri Eiras
Rio - O número de mortes pelo novo coronavírus não para de subir no Rio, e os cemitérios se reestruturam para aumentar a capacidade. O prefeito Marcelo Crivella vai se reunir, nos próximos dias, com as concessionárias que administram os campos-santos municipais para saber se têm capacidade de absorver o aumento nos sepultamentos. Uma das possibilidades, ainda não confirmada, é o aluguel de contêineres frigoríficos, caso haja acúmulo de corpos nos hospitais. 
"O nosso prefeito, assim como qualquer gestor público deste país, não pode ignorar essa realidade do coronavírus. Ele vai buscar informações sobre a capacidade das concessionárias de absorver essas mortes", afirmou o subsecretário de Saúde, Jorge Darze. "Ele vai reunir os concessionários dos cemitérios do Rio e, depois disso, apresentará uma orientação sobre essa questão. No momento, não existe nada definido. Pode ser que haja um equilíbrio no número de mortes, pode ser que ocorra uma quantidade maior", completou. Segundo os dados da pasta, 50 mil pessoas morrem por ano, em média, na cidade.
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Os hospitais e o setor cemiterial se preparam. O Hospital Regional Zilda Arns, em Volta Redonda, no Sul Fluminense, alugou até um contêiner para alocar os corpos que não conseguirem espaço no necrotério. O Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, da rede federal, localizado na Tijuca, também deve alugar dois contêineres. O custo mensal estimado é de R$ 1,9 mil. 
Espaços frigoríficos já são uma realidade usada fora do país, neste período de pandemia, como nos Estados Unidos. Em Nova York, os corpos que saem de alguns hospitais são colocados em caminhões refrigerados.
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Soluções envolvem a Alerj
A Reviver, que administra sete dos 13 cemitérios municipais do Rio, está construindo 12 mil gavetas para sepultamento no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju. Ela também aumentou o número de cremações: o limite diário era de cinco e passou para 12. É possível que esse número chegue a 60 cremações por dia.
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Na última quarta-feira, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou o projeto de lei que agiliza a cremação de vítimas da Covid-19. Por conta do fechamento dos cartórios, a autorização da cremação dos corpos será feita por declaração simples, desde que solicitada por um parente. O projeto também propõe diretrizes para o manejo dos corpos.
Exército pede informações sobre capacidade de sepultamentos no interior
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A questão da sobrecarga de cemitérios tomou vulto no último dia 9 de abril, quando o Comando Conjunto Leste do Exército Brasileiro enviou ofício para prefeituras do Estado do Rio para saber se os cemitérios locais têm capacidade de realizar sepultamentos em massa.
O documento, assinado pelo coronel Luis Mauro Rodrigues Moura, pede que seja realizado "um levantamento de dados estatísticos referentes à quantidade de cemitérios, disponibilidade de sepulturas e capacidade de sepultamentos diários".
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O prefeito de Três Rios, Josimar Salles (PDT), chegou a postar um vídeo nas redes sociais, dizendo que, "diante de um documento como este", não pode "de forma alguma afrouxar" as medidas de isolamento, como o Governo Bolsonaro vem sinalizando.
Além de Três Rios, Paraíba do Sul e Duque de Caxias receberam o mesmo documento, segundo o portal 'G1'. Em nota, o Comando Conjunto Leste afirmou que "planeja sua atuação com base no levantamento de cenários hipotéticos, visando mitigar os efeitos nocivos da pandemia junto à sociedade. O documento em pauta tem como objetivo tão-somente coletar dados para um dos cenários levantados".
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Famílias criticam preço de funerárias
Familiares de vítimas do novo coronavírus relatam, nas redes sociais, o aumento de preços nos caixões vendidos pelas funerárias. Diante da prática, o Comitê de Crise do Setor Funerário Brasileiro recomendou a aplicação de desconto de 40% nos serviços realizados às famílias de vítimas da Covid-19. A recomendação é para o funeral direto, em que o corpo é retirado do hospital e levado para o sepultamento, sem velório.
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"A gente quer que se reduzam os valores cobrados, dada a característica do atendimento. Os fornecedores de urna estão mantendo o preço, sendo leais. Os custos das urnas não subiram, não irão subir, nem o setor funerário vai majorar seus preços", garante Lourival Panhozzi, presidente da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif). 
Panhozzi afirmou que o Rio de Janeiro tem capacidade de abrigar todos os sepultamentos, ainda que a estatística de óbitos aumente. Segundo ele, "esse número teria que crescer absurdamente e de forma muito rápida". "A quantidade de óbitos ocorridos nesses 30 dias de novo coronavírus ainda não alcançou 1,5% do número absoluto de óbitos que normalmente ocorrem no Brasil. No Rio de Janeiro, esse número chegou, no máximo, a 3,5%. Para ter uma saturação no sistema funerário, teria que haver três vezes o total de óbitos ocorridos no país", afirma. 
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