Antes recomendadas apenas para profissionais de saúde, doentes e pessoas em contato com infectados, as máscaras agora fazem parte do cotidiano de quem precisa sair de casa em meio ao isolamento social devido à Covid-19. Não por acaso, no início do mês, o então ex-ministro Luiz Henrique Mandetta sugeriu a adoção de máscaras alternativas como barreira eficiente contra a doença. Porém, é preciso saber usar o item de proteção.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as máscaras de pano são uma solução de baixo custo para reforçar a proteção contra o novo coronavírus. Mas elas devem ter as medidas corretas para cobrir totalmente boca e nariz, sem deixar espaços nas laterais.
O tecido precisa ser confortável e adaptar-se bem ao rosto para evitar toques na face. Para a confecção, é recomendado o uso de tecidos 100% algodão ou TNT (material sintético). Poliéster e itens sintéticos devem ser evitados.
Apesar das máscaras já serem vistas frequentemente, a maneira correta de usá-las ainda gera dúvidas. O DIA flagrou pessoas com máscaras que não cobriam nariz e boca, além de outras retirando a peça para bater papo, tossir ou espirrar, e, até mesmo, fumar um cigarro. Segundo o biomédico do Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação (IBMR), Raphael Rangel, o uso das máscaras só deve ser feito por quem precisar sair de casa.
"A máscara não impede a infecção, mas impede que as pessoas infectadas emitam gotículas de partículas virais. Elas devem evitar falar com a máscara, pois pode ficar umidificada e perder eficácia. Se não precisar falar, não tire. Se for tossir ou respirar, também não. E mesmo com a máscara, lembrar de usar o antebraço para cobrir", explica.
O especialista ainda alerta que máscaras de pano devem ser usadas por no máximo quatro horas e precisam ser higienizadas com a solução de um litro de água e duas colheres de sopa de água sanitária.
Os decretos também estão em vigor em regiões fronteiriças como Foz do Iguaçu, no Paraná, e Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, onde a proteção é exigida nos transportes coletivos, comércios, serviços e espaços públicos. Nos municípios de Vitória da Conquista e Salvador, na Bahia, a medida deve ser adotada nos comércios e serviços essenciais, que devem fornecer as máscaras, e por trabalhadores da construção civil, limpeza, de mercados e postos de combustíveis, respectivamente.
Em São Paulo, os municípios de Guaratinguetá, Praia Grande, Porto Feliz e Tremembé, aderiram ao uso obrigatório de máscaras em comércios, empresas prestadoras de serviços, táxis e carros de transporte por aplicativo. O uso é apenas recomendado na capital paulista. Tramita na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) um Projeto de Lei que obriga o uso de máscaras por toda a população e prevê multa inicial de R$177,75 por descumprimento. Em caso de pessoa física autuada duas vezes, a punição aumenta para R$ 355,50, podendo ser multiplicada por até cinco vezes em caso de reincidência reiterada. Já para pessoas jurídicas, a multa inicial é de R$ 355,50 e dobra na segunda notificação. Os valores serão recolhidos para o Fundo estadual de Saúde.
A proposta prevê ainda, na falta de máscaras de proteção descartáveis ou reutilizáveis, a substituição por outro instrumento que proteja o nariz e a boca. Estabelece também que os modelos N95 ou o cirúrgico sejam de uso prioritários aos profissionais de saúde. O projeto ainda passará pelas comissões, podendo ser modificado.
