Por Anderson Justino

Os dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde mostram que a taxa de letalidade do Rio de Janeiro é uma das mais altas do país, com 8,5%. Os números divulgados ontem mostram um cenário desolador: até sábado foram 4.543 casos confirmados e 387 óbitos por coronavírus no estado. Há ainda 179 óbitos em investigação. A taxa é a mesma do Amazonas e só fica atrás de Pernambuco, com 9,3%, e da Paraíba, a mais alta, com 12,7%. A taxa do país é de 6,4%.

O número de mortes em favelas também vem crescendo. Dados mais recentes da Secretaria Municipal de Saúde do Rio mostra que a capital registrou 13 mortes em favelas por decorrência do novo coronavírus. O número de casos subiu 78, na ultima quinta-feira, para 108 confirmados.

'A ajuda dentro de uma comunidade vai além de uma cesta básica'. A frase é dita pelo líder comunitário Willian Oliveira, morador da comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio. Segundo ele, quem mora na favela precisa de muito mais que alimentos, como gás por exemplo, por conta da Covid-19. Por conta disso, a Agência de Notícias das Favela (ANF), por exemplo, mudou sua estratégia de campanha de doações durante a crise e está doando R$ 100 para quem faz parte do programa Doação para as favelas.

"A ajuda vai muito além de alimentos. Muitos que moram em uma comunidade vivem do trabalho informal. São pessoas que não estão conseguindo espaço pra ter suas rendas. Esse dinheiro pode ajudar em outro caminho. Numa compra de gás ou remédio, por exemplo", explica André Fernandes, fundador e diretor da ANF.  

A campanha, lançada há dez dias, arrecadou cerca de R$ 5 mil em dinheiro. Cinquenta famílias foram beneficiadas com essa quantia. Para fazer parte do programa é preciso se cadastrar no site da ONG e preencher um formulário. Os valores podem ser doados no banco Itaú, agência 0715 e conta corrente 12445-9.

O líder comunitário da Rocinha, Willian Oliveira, diz que toda ajuda é bem vinda dentro de uma comunidade. Ele diz que a favela precisa ser olhada com mais carinho, por boa parte dos moradores clama por socorro.

"As pessoas não precisam apenas de alimentos. Elas precisam ser olhadas como seres humanos. A ajuda vem de todos os lados. Um pai de família, por exemplo, que não tem dinheiro para comprar um botijão de gás, fica em desespero. Aprendi uma coisa muito importante nesse período de pandemia. No início eu tratava o coronavírus como número, agora vejo como nomes. E nomes de pessoas que estão próximas de nós", diz.

Rio tem 13 mortes em favelas
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Dados mais recentes da Secretaria Municipal de Saúde do Rio mostra que a capital registrou 13 mortes em favelas por decorrência do novo coronavírus. O número de casos subiu 78, na ultima quinta-feira, 16, para 108 confirmados. 
A prefeitura do Rio diz que está orientando a população atendida nas comunidades por meio de visitas domiciliares e telefone sobre os cuidados que devem ser tomados para conter a transmissão do coronavírus. "As equipes da Estratégia Saúde da Família reforçam a importância do distanciamento social"
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Saiba quais são as comunidades do Rio que registraram casos da Covid-19
Óbitos:
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- Maré: 3 mortes
- Vigário: 3 mortes
- Rocinha: 3 mortes
- Cidade de Deus: 1 morte
- Acari: 1 morte 
- Caju: 1 morte
- Vila Kennedy: 1 morte
Moradores da Rocinha dizem que outras sete mortes são investigadas por terem sido em decorrência do novo coronavírus. 
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Já os casos confirmados são: 
- Rocinha: 43 casos
- Vigário Geral: 11 casos
- Manguinhos: 9 casos
- Maré: 8 casos
- Acari: 7 casos
- Parada de Lucas: 7 casos
- Mangueira: 6 casos
- Caju: 5 casos
- Cidade de Deus: 5 casos
- Vidigal: 3 casos
- Jacaré: 2 casos 
- Vila Kennedy: 1 caso
- Alemão: 1 caso
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Comunidades passam por higienização
Em tempos de pandemia, a higiene é fundamental para impedir a propagação do novo coronavírus. Ontem, a Comlurb, empresa responsável pela limpeza na cidade, realizou higienização em 31 comunidades do Rio. 
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No Morro da Babilônia, na Zona Sul, a higienização foi feita por iniciativa do programa Favelas unidas contra o CoronaVírus. A limpeza foi em becos e vielas da comunidade. 
A presença dos agentes usando uniformes diferentes chamou a atenção da cabeleireira Kleide dos Santos. "É necessário que faça essa limpeza nas comunidades. Nem todas as comunidades são olhadas pelo poder público. A gente torce para que essa crise acabe logo e as coisas voltem ao normal", disse a mulher. 
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