Pesquisa será feita pela Secretaria estadual de Saúde - Divulgação
Pesquisa será feita pela Secretaria estadual de SaúdeDivulgação
Por O Dia

Rio - Neurocientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) e da Queens University, no Canadá, alertam para a possibilidade de danos ao sistema nervoso central causados pela covid-19. O artigo de perspectiva, publicado ontem na revista científica ‘Trends in Neuroscience’, revisita estudos realizados sobre outros vírus, como zika, herpes simples e demais tipos de coronavírus.

Para Sergio Ferreira, professor do Instituto de Biofísica da UFRJ e um dos autores do artigo, pacientes curados da covid-19 devem se preocupar em garantir acompanhamento neurológico depois de receberem alta. “Nossa preocupação é que eles desenvolvam problemas neurológicos, principalmente à medida que envelhecem. Temos um número considerável de jovens em estado grave de covid-19 e queremos entender o impacto em seus sistemas nervosos”, explica o especialista.

Os pesquisadores estudam duas hipóteses para o aparecimento das complicações. Um dos cenários aponta que pacientes graves podem desenvolver sequelas neurológicas que durem meses ou até anos. Já a segunda possibilidade avalia que pessoas jovens com casos graves da doença possam desenvolver sintomas até 30 anos depois de curadas. Ferreira estima que idosos tenham um comprometimento neurológico maior e não descarta que as sequelas da covid-19 possam acelerar a perda cognitiva e de memória, comportamento de outros tipos de coronavírus.

A equipe também submeteu uma proposta de estudo de pacientes para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), para o Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e para o Ministério da Saúde. “Uma hipótese forte é que os problemas neurológicos sejam causados por uma resposta inflamatória exagerada de combate ao vírus, o que pode fazer mal ao corpo. Se conseguirmos identificar a molécula atuante, podemos pensar em uma terapia anti-inflamatória para conter os danos”, afirma.

Influência internacional
O alerta do artigo reflete, também, o resultado de pesquisas recentes sobre os impactos neurológicos da covid-19. Um estudo de pesquisadores chineses, publicado no dia 10 de abril, notou que alterações nervosas, como comprometimento de consciência e lesão muscular, foram observadas em 45% dos 214 pacientes graves e podem levar à morte precoce. Na França, um artigo publicado no dia 15 de abril, avaliou que 90% de 64 pacientes com a doença também tinham complicações, como desorientação e confusão mental.

*Estagiária Julia Noia, sob supervisão de Fernando Faria

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