Ainda era tarde de terça-feira quando Roseli Carlos Vaz, 46, grávida de sete meses, saiu de sua residência na favela do Bateau Mouche, na Praça Seca, em busca de uma solução para, enfim, receber os R$ 600 do auxílio emergencial. Foram 16 horas até que a gestante recebesse o atendimento, ontem, às 10h30 da manhã, na agência da Receita Federal, em Madureira, onde ela pretendia regularizar seu CPF. "É uma humilhação sem tamanho, ter que dormir na fila e passar por tudo isso para conseguir ser atendida", lamentou. Ela perdeu seus serviços de diarista por consequência da pandemia.
"Sem esse dinheiro, não sei como vou conseguir me alimentar e alimentar a minha outra filha, de 2 anos, que está em casa", explica Roseli. Na fila, se alimentou com doações. "Se comprasse algo para comer, não conseguiria voltar para casa", disse.
Assim como outras dezenas de pessoas que aguardavam na fila, Roseli conta que tentou fazer a atualização dos seus dados pela internet, mas sem sucesso, pois o site permanecia indisponível.
Ao ser atendida, recebeu o comprovante de regularização. "Depois de todo esse tempo, só me entregaram um comprovante e me mandaram ir procurar a Caixa", conta a moradora do Bateau Mouche.
De acordo com dados da Caixa Econômica Federal, 13,6 milhões de pessoas aguardam o pagamento dos R$ 600. Procurada, a Receita Federal explicou que a gestante, assim como outras pessoas que aguardavam pelo atendimento, já estava com seu CPF regular no sistema e que poderia ter verificado a situação na internet.
