Por Letícia Moura*
Nem todas as categorias têm o privilégio de exercer o trabalho em home office. Na linha de frente com o coronavírus, os policiais militares continuam o patrulhamento ostensivo para garantir a segurança da população durante a pandemia. Eles também têm o importante papel de conscientizar as pessoas que insistem em ir às praias e descumprem o isolamento social. Na batalha contra à covid-19, colocar a vida em risco em prol do outro pode ser o maior ato heroico com o objetivo de salvar vidas.

Há 9 anos na corporação, cabo Cardoso, de 40 anos, lotado no 2º BPM (Botafogo), ressalta que trabalhar no front de uma pandemia é mais um dos percalços enfrentados pelos agentes. “Quando optamos por entrar nessa carreira de policial militar, já temos que estar esperando por isso tudo, porque seremos sempre quem vai encarar o problema de frente. Eu fico receoso de levar alguma coisa para os familiares, como eu moro próximo dos meus pais, que já são idosos e do grupo de risco”, explica ele que reside em frente à casa dos pais e fala com eles da calçada para manter a distância.

Após 24 horas de plantão e antes de matar a saudade da esposa e do filho, de 8 anos, Cardoso adota à risca as medidas de assepsia. “Levo a farda dentro de uma sacola plástica, chego em casa e coloco direto na máquina de lavar. Já vou tomar banho para depois ter contato com meu filho e esposa, que quando chego ainda estão dormindo”.
Morte dos companheiros de farda
Como todas as profissões que estão no enfrentamento à covid-19, há o risco de contaminação. Na última quinta-feira, dois policiais morreram com sintomas de coronavírus. Eles estavam internados no Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio, na Região Central do Rio. Na segunda-feira passada, a Polícia Militar confirmou a primeira morte em decorrência da enfermidade.
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Para o soldado Caio, de 32 anos, lotado no 2º BPM (Botafogo), o sentimento é de tristeza. "Recebemos com tristeza a notícia da morte dos colegas, principalmente aqueles que conviveram com eles na polícia. Alguns destes eram até conhecidos de companheiros mais antigos da corporação. Sentimos por ser um irmão de farda e ao mesmo tempo por ver um amigo triste pela perda", desabafa o soldado que entrou para PM há 2 anos. 
Higienização no batalhão
O soldado Caio conta que os cuidados redobraram ao entrar no batalhão. “Já temos uma pia logo na entrada da unidade com sabão neutro para lavarmos as mãos. Na hora de trocar o uniforme, tomamos cuidado para não deixar aglomerar muita gente no mesmo horário. Em seguida, vamos pegar os equipamentos e armamento, e também recebemos álcool e papel para poder fazer a higienização das armas".

No início da pandemia, a administração da corporação orientou os funcionários sobre as precauções a serem tomadas antes de iniciar o serviço. Dentro das viaturas os policiais também seguem a recomendação de manter a distância. “Estamos seguindo a orientação, o motorista na frente e o colega de trabalho, quando forem dois, vai atrás em paralelo. Fora da viatura, procuramos ficar em uma distância de pelos menos 2 metros para uma margem de segurança pessoal”, esclarece Caio.
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*Estagiária sob supervisão de Waleska Borges