Cariocas não veem a hora de voltar a aproveitar a cidade, trocar ideias e curtir a praia, o chope e as rodas de samba
Por Gabriel Sobreira
Resenha, churrasco, malhar... A quarentena tem feito muito carioca sentir saudade daqueles velhos hábitos sagrados do dia a dia. Em pesquisa quantitativa online, dividida por categorias, a ESPM Rio constatou que moradores da cidade confessam sentir falta especialmente do chope gelado (46%), do barulho das ondas (34%) e do abraço de amigos e parentes (84%). Tem quem sinta falta de olhar o verde da natureza (62%) e que diz que é puxado não ver o movimento agitado de bares (45%) e o vai e vem das pessoas (39%). Quem não? E você? Qual sua saudade?
"Minha mãe que me desculpe, mas depois dessa quarentena eu vou ficar uns dez dias fora de casa para matar a saudade dos amigos, beber uma boa cerveja, pegar a primeira roda de samba que eu vir pela frente e vou sambar como se não houvesse amanhã", avisa com antecedência o filho da dona Nancy, o passista da azul e branca Portela e vendedor autônomo Igor Conceição, de 28 anos.
Para a psicóloga Renata Bento, a sensação de saudade é algo muito natural. "A característica principal do carioca é a descontração. É uma alegria, uma forma de desenvoltura que combina muito com a liberdade, o ir e vir. E essa privação de liberdade, justamente promovida por toda essa conjuntura atual, acaba colocando o carioca em uma situação invertida, onde ele precisa voltar para dentro de casa, para dentro dele", observa.
"O isolamento para o carioca, que é um povo extremamente aberto aos encontros com outros, gera um incômodo muito grande, principalmente quando a gente sabe que precisa ficar em casa diante de uma natureza que é convidativa. Ela nos convida a todo tempo a estar de encontro com ela. Lógico que a gente sabe que (a quarentena) vai passar. Mas é um momento onde é preciso parar, ficar em casa, caber dentro", frisa a psicóloga Renata.
Igor Conceição, 28 anos
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Morador de Madureira, Igor Walker (como é mais conhecido Igor Conceição) não vê logo a hora de voltar às resenhas, aos ensaios da Azul e Branco de Madureira e muito mais. "Sinto falta também das festas do meu amigo Anderson (Dj Seduty) que organiza no Viaduto de Madureira", lembra saudoso dono da loja Dustempero.
Karen Abdala, 18 anos
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Karen Abdala diz que sente falta dos tropeços nas compras das pessoas enquanto andava pelo Mercadão de Madureira, do empurra-empurra na passarela (Minhocão), da mistura de sons que a cada esquina. “Principalmente da criatividade dos ambulantes na hora de vender o seu produto”, conta ela, que ainda sente falta de uma praia também.
Ana Luisa Antunes, 31 anos
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A professora Ana Luisa Antunes quer mesmo é voltar a malhar e também curtir as confeitarias favoritas dela. “Quando isso (o isolamento) acabar eu quero sentar numa cafeteria, quero pular no meu jump e nunca mais reclamar dos aparelhos de musculação. Quero abraçar a família. Fazer aulas de remo e dança com meus”, explica ela.
Marcelo Saraiva, 36 anos
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Para o publicitário Marcelo Saraiva, estávamos acostumados à uma rotina e de repente tivemos que nos adaptar a para de fazer o que nos era importante. “Foi uma mudança muito brusca no que estou acostumado. Sinto falta de estar com meus pais, meus irmãos, sobrinhos... sair com meus amigos. Quando as coisas melhorarem acho que vou fazer um intensivo: encontro com a família e depois encontro com os amigos”, promete ele.
Camila Saraiva, 40 anos
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A pedagoga Camila Saraiva (de vermelho, na foto), irmã de Marcelo, também sente falta da família. Para proteger os pais, ela só fala com eles pela internet. “A saudade é grande, apesar de nos falarmos todos os dias. Sinto falta também do trabalho, dos meus alunos e amigos. Quando tudo passar quero muito abraçar todo mundo. Comemorar com todos que amo”, conta.
Bruno Morais, 38 anos
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“O que eu mais sinto falta é da liberdade, dos pequenos prazeres habituais, como ir à academia, ao teatro, poder visitar a casa da minha mãe, que é do grupo de risco”, ressalta o assessor de imprensa Bruno Morais. “Com o fim da quarentena, não acredito que volte correndo pra nada que eu tenha interrompido no período, farei tudo de forma cadenciada. Tenho me descoberto mais sereno, espiritualizado e adaptável do que imaginava, e isso é ótimo”, afirma ele
Brunna Condini, 42 anos
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A jornalista Brunna Condini (ao centro, na foto) sente mesmo é falta de abraçar as pessoas. “Sou muito afetiva, sempre estou com meus amigos, minha família”, conta ela. Fã de receber gente em casa para tomar um vinho, cerveja ou bater-papo até altas horas, Brunna confessa que sente muita falta dessa troca. “Depois da quarentena, acho que vou ter que fazer rodízio de pessoas aqui em casa porque a minha vontade é botar todo mundo junto dentro de um espaço só”, confidencia ela, que está há mais de 40 dias em isolamento. “Quando tudo passar, vou encontrar com as pessoas o mais rápido possível, a programação vai ser intensa”, promete, aos risos.