Na UPA da Penha, Victor Cruz não consegue receber notícias sobre o pai, internado há 3 dias - Cléber Mendes
Na UPA da Penha, Victor Cruz não consegue receber notícias sobre o pai, internado há 3 diasCléber Mendes
Por Julia Noia* e Marina Cardoso

A pandemia do novo coronavírus (covid-19) tem trazido sofrimento para pacientes e familiares que vivem a angústia da espera por leitos e até notícias de pacientes internados. Pedro Bezerra Costa, de 63 anos, morreu na madrugada de ontem à espera de uma vaga em uma UTI no Rio. Ele tinha dado entrada na UPA da Tijuca, no dia 25, relatando tosse e falta de ar.

A coordenação da UPA informou que o atendimento foi feito por uma equipe multidisciplinar, sendo realizados exames clínico, de sangue, de imagem e aplicada medicação. Como o quadro apresentou piora, ele teve que ser isolado em setor de maior suporte. Ainda segundo a UPA, a equipe buscou transferência, mas não conseguiu. 

No caso do filho de Misael Cruz, Victor Cruz, de 35 anos, o drama é a falta de informações sobre o pai. Misael foi internado, há 3 dias, na UPA da Penha, na Zona Norte do Rio. "A angústia antes era a falta de leito, de um possível respirador e transferência, mas agora vivo na agonia sem ter notícia. O que chegou, para mim, através de uma funcionária assistente social é que a ordem era não passar nenhuma informação do estado de saúde aos familiares", disse. 


Dificuldade na rede federal
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Apesar de os hospitais federais no Rio terem cedido leitos para desafogar as redes municipal e estadual, a Defensoria Pública Federal atestou, anteontem, que seria inviável realocar leitos para covid-19 devido à falta de EPIs e de profissionais de saúde nessas unidades.

O defensor público federal Daniel Macedo aponta que, no fim de maio, termina o contrato de 4.200 profissionais dos hospitais federais. Somando-se à atual deficiência de 8.400 servidores, ele acredita que todas as unidades do Rio vão parar de funcionar. O Ministério da Saúde tem até 7 de maio para apresentar soluções aos hospitais federais no combate à covid-19.

Ocupação já quase no limite
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A taxa de ocupação de leitos de UTI para casos de covid-19 na capital fluminense está chegando ao limite máximo, com 98%. Já a taxa de ocupação nos leitos de enfermaria para suspeita da doença já é de 92%.
No estado, a Secretaria de Saúde (SES) informou que, até o momento, 724 novos leitos para tratamento de pacientes suspeitos ou confirmados foram abertos. Desse total, 572 são em hospitais de referência para o tratamento de coronavírus, sendo 287 UTIs e 285 enfermarias. Além dessas, há ainda 152 leitos para o tratamento da covid-19 em áreas isoladas de outras unidades estaduais.
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A SES disse, ainda, que a taxa de ocupação, considerando todas as unidades da rede estadual, é de 73% em leitos de enfermaria e 85% em leitos de UTI.
*Estagiária sob supervisão de Alexandre Machado
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