"São imagens tristes e sofridas todos os dias. A gente está presenciando nossos colegas de farda lutando pela vida. É difícil, mas não podemos baixar a guarda. Estamos ali para dar o apoio necessário e, juntos, vamos trabalhar além do nosso limite por eles e por nossos familiares". O desabafo é feito por um enfermeiro, sargento da Polícia Militar, lotado no Hospital Central da PM (HCPM), no Rio Comprido, no Rio. Ele descreve a cena vista diariamente na unidade que não atende apenas agentes, mas também seus parentes.
Desde o início da pandemia, a PM tem ajudado na linha de frente para tenatr frear a disseminação da doença, com ações para impedir circulação e aglomeração de pessoas. Por conta da exposição, muitos policiais estão se contaminando. No início desta semana, a instalação de uma câmara frigorífica no pátio da unidade de saúde chamou a atenção e preocupou os policiais.
Segundo a PM, desde março, 3.364 policiais já foram afastados por apresentarem sintomas da covid-19. Ontem, a PM confirmou a sétima morte em decorrência da doença na corporação. O número de policiais contaminados também aumentou: de 66 para 82 infectados, em menos de 24 horas. Sobre a lotação no HCPM, no entanto, a corporação não se manifestou.
Em tom de desespero, o enfermeiro do HCPM faz um alerta: "O HCPM entrou em colapso. Os profissionais da área da saúde não conseguem atender à demanda de pacientes. Quem estiver sentindo algum sintoma da covid-19, procure outra unidade de saúde".
Em áudio divulgado no WhatsApp, outro policial, também lotado no HCPM, diz estar preocupado com o avanço da doença na corporação. "Não tem leitos vagos. Estou com pena do pessoal da enfermagem. Estão trabalhando três vezes mais. Estamos com todos os andares lotados e não tem mais espaço", diz o policial.
O tenente Nilton da Silva, representante do movimento 'SOS Policial', se manifestou dizendo que "todo dia nos chegam várias informações sobre o HCPM, que acredito sejam verídicas. As informações são analisadas e cobramos respostas", diz o tenente, afirmando que o efetivo das unidades de saúde da PM já era baixo e, com a pandemia, ficou ainda menor.