Bancas de bicho movimentadas - FOTO ENVIADA AO WHATSAPP O DIA
Bancas de bicho movimentadasFOTO ENVIADA AO WHATSAPP O DIA
Por Yuri Eiras e Luana Benedito
Rio - Não importa as ordens do governo prolongando a quarentena no Rio de Janeiro. O jogo do bicho, tratado como contravenção penal, segue a pleno vapor nas ruas da cidade. Nesse caso, não "vale o que está escrito" nos decretos, mas o que os bicheiros ordenam aos funcionários, que correm risco de contaminação e não têm a quem recorrer. Os apostadores, em sua maioria idosos, formam filas diariamente para fazer apostas. Mas, na pandemia não adianta contar com a sorte.
A reportagem do O DIA recebeu relatos de que a movimentação do jogo segue grande nas bancas do Centro e da Zona Norte. Em uma delas, quase dez pessoas aguardavam para jogar. Alguns 'apontadores', funcionários que escrevem o jogo, usavam máscaras e tinham álcool em gel por perto, mas todos entregavam os papéis nas mãos dos clientes. O contato pode contaminar. Há relatos de pontos abertos também em Bangu, Campo Grande, Copacabana, e nos municípios de Niterói e São Gonçalo. Nas redes sociais, uma mulher reclamou de ter que trabalhar. "Trabalho em banca de jogo do bicho e eles não liberam a gente. E eu tenho que ir, como as outras meninas. É dali que faço minha feira, pago contas, ganho o meu sustento", lamentou.
Publicidade
A fortuna que movimenta deve ser o motivo de o jogo do bicho não ter a atividade interrompida. Pesquisa de 2016 do Instituto Jogo Legal (IJL) indica que o bicho movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano em todo o país. São aproximadamente 350 mil pontos de apostas e 450 mil pessoas empregadas informalmente.
Um funcionário que anota apostas de jogo do bicho na Zona Norte disse ter medo da contaminação. "A gente não tem um planejamento de trabalho, folgas, horários fixos. Trabalhamos fins de semana, alguns feriados, às vezes de 9h até 21h. Não imaginava mesmo que teria folga durante a pandemia, mas pensei que eles iam pelo menos diminuir os horários dos jogos. A região onde trabalho tem tido muitas mortes por coronavírus. Semana passada morreu um senhor que quase diariamente jogava comigo. Tenho medo", disse um homem que não quis se identificar.