O técnico Bernardinho sente muita falta do seu trabalho em quadra com o time feminino do Sesc RJ - Cléber Mendes
O técnico Bernardinho sente muita falta do seu trabalho em quadra com o time feminino do Sesc RJCléber Mendes
Por ANA CARLA GOMES

No mundo artístico, a agenda lotada de compromissos teve que ficar para trás, com shows, eventos e vários projetos adiados. No centro do Rio, por exemplo, o cenário mudou: a agitação de avenidas como a Rio Branco e a Presidente Vargas não existe mais. De anônimos a famosos, o vaivém do dia a dia foi interrompido e os brasileiros tiveram que reprogramar suas rotinas e a forma de lidar com o tempo diante da pandemia do novo coronavírus.
Obcecado pelo trabalho, com uma agenda sempre cheia, com os treinos com o time feminino de vôlei do Sesc RJ, palestras e aulas na PUC, o carioca Bernardinho ficou sem fazer o que mais gosta: estar à beira da quadra. Conhecido pelo seu jeito elétrico nos jogos, ele, no entanto, já ocupou seus dias de tal forma no isolamento social que garante que sua nova rotina está cheia.
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"Eu sinto falta dos treinamentos. Obviamente é o que não consigo fazer hoje. As aulas são online. Tenho feito participação muito mais em debates online, muitas reuniões, me dedicando à questão de negócios e de reinvenção", conta.
O esporte, é claro, está garantido no seu dia a dia: "Tenho pensado muito em como vai ser o pós-pandemia e nas dificuldades que o esporte está passando e vai passar. Tenho dedicado tempo a isso também, pensando em algumas estratégias para nos preparar para um mercado que será diferente. Sinto falta mesmo do exercício fora de casa e do treinamento offline, do contato com as jogadoras no dia a dia, na quadra. Mas os dias estão cheios, com muitas atividades".
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O humorista Marco Luque estava preparado para viajar pelo Brasil com o show 'Todos por um'. Mas o que havia sido traçado na agenda ficou para depois. "É uma sensação nova, diferente de tudo que já vivenciei. Claro que sinto muita falta de estar nos palcos, iria começar a rodar pelo Brasil com meu show “Todos por um”. Mas temos que enxergar o isolamento como uma medida necessária, para ajudar a salvar vidas e frear a disseminação do vírus. Tem sido um período reflexivo e tenho certeza de que sairemos melhores como seres humanos e valorizando ainda mais cada momento de vida".
A reorganização da vida para Marco Luque inclui mais tempo com as filhas e criação de conteúdo para o seu canal no You Tube, buscando aliar conscientização e um toque de humor: "Fiz um vídeo com o Jackson Faive, falando do papel dos motoboys durante a pandemia e sobre a importância de, quem puder, ficar em casa e as medidas de higiene e segurança que são necessárias no momento".
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A cantora Ludmilla também viu a rotina mudar completamente: "A gente sente uma falta imensa. Nosso trabalho é uma agitação enorme, quase não temos tempo de ficar em casa: shows, viagens... E, do nada, tudo isso muda. Tem sido bem diferente, mas é necessário. Espero que todos fiquem em casa e se cuidem para que esta fase passe logo".
Com saudade dos shows, Ludmilla lançou seu primeiro EP de pagode e todas as músicas ficaram entre as mais ouvidas do Spotify no dia do lançamento - Chico Cerchiaro/Divulgação
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Ela também se reprogramou diante da nova realidade: "Fiz duas lives e tive o lançamento do meu primeiro EP de pagode (todas as músicas no dia de lançamento já estavam entre as mais ouvidas no Spotify). Profissionalmente, tenho focado bastante em projetos futuros e lançamentos. Tenho aproveitado para ficar ainda mais com a minha família e assistir séries também, além das aulas de inglês".
A funkeira Pocah diz que o impacto da pandemia foi muito grande para todos os brasileiros e conta como tem passado seus dias: "Uma pandemia dessa magnitude era algo que o planeta não conhecia, isso deixou todos alarmados. Eu sinto muita falta da minha rotina, mas entendo que foi e é para o bem de todos. Tenho conseguido trabalhar de casa. Estudo bastante, estou aprendendo a tocar instrumentos, além de assistir filmes e séries e passar ainda mais tempo com a minha filha".



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Do MP à yoga: mudança antes da pandemia
Felipe Alves, de 33 anos, desacelerou sua rotina há um ano, quando deixou o MP e se transformou no professor de yoga
Felipe Alves, de 33 anos, desacelerou sua rotina há um ano, quando deixou o MP e se transformou no professor de yogaArquivo Pessoal
Felipe Alves, de 33 anos, decidiu desacelerar sua rotina muito antes de a pandemia do novo coronavírus chegar. Formado em Direito, ele era funcionário do Ministério Público até abril do ano passado, quando resolveu abdicar da estabilidade no emprego público e de uma condição financeira melhor para se transformar no Felipe, o professor de yoga em Caxias. A partir daí, criou um novo ritmo na sua vida, que acredita estar fazendo a diferença hoje.
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Como funcionário do MP, Felipe acordava cedo em Botafogo, onde morava à época, para trabalhar em São João Meriti. "Na ida, eu ia no fluxo contrário ao dos carros. Mas, na volta, pegava bastante trânsito. Sem dúvida, era mais estressante, por conta também da violência urbana, dos arrastões nas vias. Era muita correria, com horário para chegar aos lugares", lembra.
Nessa época, ele já começou a praticar yoga e chegou a pesar 120kg - atualmente pesa 89kg. E resolveu sair do MP: "Era um passo que eu já queria ter dado há muito tempo. Mas a questão financeira pesava. Mas chegou uma hora em que a paz de espírito compensou", diz.
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Ao mergulhar na filosofia que a yoga o apresentou, Felipe acredita estar lidando de uma forma melhor com o momento atual: "Estaria comendo mais, mais ansioso, com mais medo e inseguro. Tenho alunos novos que já relatam efeitos positivos", conta ele, que tem dado aulas online.

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Relojoaria centenária muda o compasso
O comerciante João Taylor está à frente da centenária relojoaria Casa Leal, que teve que mudar o compasso diante da pandemia
O comerciante João Taylor está à frente da centenária relojoaria Casa Leal, que teve que mudar o compasso diante da pandemiaRicardo Cassiano/Agencia O Dia
Até a Casa Leal, centenária relojoaria de mais de 180 anos, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, mudou totalmente o seu compasso. Fundada por um casal de portugueses no centro do Rio, a casa sobreviveu ao passar dos anos como referência no conserto e restauração de serviços antigos, mas agora suas portas estão fechadas ao público.

O comerciante João Taylor, de 28 anos, tem ficado sozinho entre as relíquias da loja para cuidar dos reparos de relógios de clientes. Nestor Rodrigues Pereira, avô de sua esposa, foi quem herdou a relojoaria dos antigos donos portugueses. "Na galeria onde a Casa Leal funciona em Ipanema, só os lojistas podem entrar. Eu me vi num momento em que, em casa, estava vendo o tempo passar porque muitos contatos são da empresa. Nós que, somos empresários, temos uma rotina corrida e, de repente, nos vimos com tudo parado, sem poder fazer nada nem levar os planos adiante", diz João. Por falar em tempo, ele conta que os efeitos da pandemia foram repentinos e bruscos: "Sentimos uma queda de 90% nos serviços logo nos primeiros dias de pandemia".
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