Wilson e Helena Witzel - Alexandre Brum / Agência O Dia
Wilson e Helena WitzelAlexandre Brum / Agência O Dia
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Rio - O Ministério Público Federal (MPF) enxergou "vínculo bastante estreito e suspeito" entre o escritório de advocacia da primeira-dama, a advogada Helena Witzel, e a empresa DPAD Serviços Diagnósticos Limitada, de Alessandro de Araújo Duarte - apontado como suposto operador do empresário Mário Peixoto, preso na Operação Favorito, deflagrada no último dia 14. A primeira-dama foi alvo de mandados buscas e apreensões, junto do marido, o governador Wilson Witzel (PSC), durante a Operação Placebo, realizada pela Polícia Federal nesta terça-feira.
Firmado em 2019, o contrato investigado resultou em pagamentos mensais à banca de Helena. Segundo a decisão do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou as buscas e apreensões, a investigação até agora não encontrou comprovação de que os serviços referentes às entradas de dinheiro foram efetivamente prestados.
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"O escritório de advocacia da primeira-dama do Estado do Rio de Janeiro H.A.B.W. (Helena Alves Brandão Witzel) supostamente realizou contratos com empresas investigadas, sem que a investigação, até o momento, encontra-se provas da prestação do respectivo serviço, o que explicita possível exercício profissional de atividade delitiva", escreveu o ministro.
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Assim como o marido, Helena teve equipamentos eletrônicos apreendidos durante a operação, que também vasculhou seu escritório. Por ser advogada, o ministro destacou que a documentação apreendida deve ser "exclusivamente correlata aos fatos aqui investigados'.

DEFESA

Em nota, Helena Witzel afirmou ter prestado os serviços de advocacia, disse que a diligência não encontrou nada que pudesse comprovar irregularidades, e classificou a operação como "imbuída de indisfarçada motivação política".

"A HW Assessoria Jurídica prestou serviços para a empresa apontada pelo MPF, tendo recebido honorários, emitido nota fiscal e declarado regularmente os valores na declaração de imposto de renda do escritório", diz o texto. "A advogada Helena Witzel reitera seu respeito às instituições, mas lamenta que a operação tenha sido imbuída de indisfarçada motivação política, sendo sintomático, a esse respeito, que a ação foi antecipada na véspera por deputada federal aliada do presidente Jair Bolsonaro", conclui a nota, referindo-se à deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP).

Na segunda-feira, Zambelli disse em entrevista a uma emissora de rádio que "já tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal" e antecipou que haveria operações da Polícia Federal.