Os dados da pesquisa foram coletados no período de 16 de maio a 4 de julho, por meio de um questionário virtual com 33.841 pessoas - Gabriel Lobo/ Divulgação
Os dados da pesquisa foram coletados no período de 16 de maio a 4 de julho, por meio de um questionário virtual com 33.841 pessoasGabriel Lobo/ Divulgação
Por Letícia Moura*

Com 157.834 casos confirmados e 12.876 mortes por covid-19, segundo dados da Secretaria de Saúde do estado, uma pesquisa da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação divulgada ontem aponta que os casos no Rio de Janeiro podem ser maiores que os informados. Isso porque o levantamento mostra que cerca de 13% das pessoas que responderam uma pesquisa sobre atendimento na pandemia de coronavírus foram possivelmente casos subnotificados da doença.

Segundo a pasta, os dados da pesquisa foram coletados de 16 de maio a 4 de julho, e contou com 33.841 pessoas. Nesse total, 28.926 são do Estado do Rio de Janeiro - atingindo 86 dos 92 municípios - e 4.915 de outros estados, como São Paulo, Maranhão e Mato Grosso, mas não constam neste relatório. No Município do Rio, de acordo com o estudo, foram registrados 1.830 casos subnotificados e 1.034 prováveis subnotificados.

Metodologia

Conforme a secretaria, foram incluídos na avaliação da subnotificação, os pacientes que apresentaram os sinais e sintomas definidos pelo Ministério da Saúde como "Síndrome Gripal": febre acompanhada de alguns dos seguintes sintomas, como tosse ou coriza ou dor garganta ou dificuldade respiratória, acrescida a ausência de testagem. Assim, foram considerados casos notificados os com esses sinais e sintomas que informaram ter procurado atendimento em ambiente de saúde e fizeram testagem (PCR ou sorológico). Dessa forma, foram considerados casos subnotificados os que apresentaram os sinais e sintomas, mas não procuraram uma unidade de saúde e também não fizeram qualquer tipo de teste.

Já em relação aos casos prováveis subnotificados, foram levados em conta os participantes que manifestaram os sinais e sintomas, procuraram uma unidade de saúde e não foram testados. Mas, eventualmente, podem ter sido inseridos nos sistemas de notificação e-SUS Notifica ou SIVEP-Gripe, por causa dos sintomas observados pelos profissionais de saúde.

Ainda segundo a secretaria, houve grande correlação com os sinais e sintomas relatados com os de pessoas que fizeram os testes RT-PCR na Policlínica Piquet Carneiro, unidade da Uerj.

O projeto, inscrito na Plataforma Brasil, foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJ e teve a parceria das Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro e Fundação Oswaldo Cruz.

Segundo pesquisadora, subnotificação pode ser maior
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Para a professora e pesquisadora Maria Isabel de Souza, é possível que a quantidade de subnotificação seja ainda maior do que o apontado pelo estudo: "Tendo em vista outros dados, como o aumento do número de mortes em residência e o crescimento expressivo de pacientes com problemas respiratórios que, na verdade, estariam com a síndrome aguda respiratória, por exemplo", explica.
A especialista avalia que o relatório, mesmo sendo uma pesquisa autodeclarada, possibilita que o estado realize um mapeamento para localizar áreas de possível subnotificação. "O estado pode fazer testagens nesses locais para analisar se de fato, há casos de pessoas que tiveram a doença ou que ainda estão na fase inicial da infecção por covid-19. Por exemplo, ir a campo e mapear para que as ações de prevenção possam chegar a essas localidades de subnotificação e tentar evitar uma propagação do vírus e também que a doença se desenvolva no seu grau mais severo nas pessoas", esclarece.
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*Estagiária sob supervisão de Martha Imenes
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