Trem - Reprodução/WhatsApp O Dia - (21) 98762-8248
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Por Yuri Eiras
Rio - Deputados federais votam hoje em Brasília a possibilidade de socorro financeiro aos sistemas de transporte coletivo do país, que deixaram de arrecadar pela diminuição da circulação de passageiros durante a pandemia. O auxílio, se aprovado, pode evitar um colapso no Rio. A Supervia, concessionária que administra os trens urbanos, afirma que a circulação será abalada em setembro, caso não receba ajuda.
"Até o momento, não recebemos nenhum aporte. Estamos na espectativa desse apoio federal. Estamos com limite em agosto, isso é muito sério. A partir de setembro a operação estará seriamente comprometida", afirma Antonio Carlos Sanches, presidente da Supervia. Segundo os cálculos da empresa, a queda na circulação de passageiros ausou um rombo de R$ 133 milhões na arrecadação. "Antes da covid, a Supervia transportava 600 mil passageiros por dia. Com a pandemia, esse número caiu para 180 mil. Hoje, estamos em 300 mil passageiros/dia. Metade da demanda que tínhamos anteriormente".
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Sanches afirma que as manobras para reduzir os custos não ajudaram na arrecadação. "Fizemos suspensão de contrato, redução de jornada e de salário de funcionários. Postergamos dívidas. Mas não conseguimos uma redução muito efetiva, a operação continua a plena carga. Inclusive, tivemos um aumento de custo com a higienização das estações de trem".
O secretário estadual de Transportes, Delmo Pinho, diz estar otimista com a chegada do auxílio federal, que renderia de R$ 60 milhões a R$ 120 milhões até final do ano para o sistema de transporte do estado, mas ressalta o risco de colapso. "O que nós queremos proteger é a mobilidade das pessoas, que não pode ser ainda mais afetada. Os operadores de transporte estão de março a julho com uma receita que não dá nem para pagar os custos. Na maioria dos casos, eles estão praticamente sem dinheiro. O número de passageiros caiu enormemente de março para cá. Nós tivemos momentos em que caiu mais de 80%, por exemplo, no metrô do Rio", afirma.
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Passageiros reclamam das condições do transporte
Enquanto empresários e parlamentares fazem as contas, passageiros reclamam do sufoco que é circular nos trens, mesmo durante a pandemia. Morador de Santa Cruz, na Zona Oeste, Fábio Roberto, 52, pega o trem lotado todo dia até a Central - ele vende balas na Praça Mauá. "O trem das 6h já está lotado, mesmo com pandemia, e parte das pessoas não usam a máscara. Morro de medo porque sou grupo de risco, faço hemodiálise. Apesar desses problemas, ainda é a melhor opção para mim. Se parar de circular, vou ter que acordar muito mais cedo e pegar dois ônibus para vir, e outros dois para voltar".
Rio de Janeiro 28/07/2020 - Condições dos transportes publicos do Rio. Na foto acima o senhor Fábio Roberto. Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia - Luciano Belford/Agencia O Dia
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Também é o caso do operador de câmera William Morais, morador de Cosmos, na Zona Oeste. "Sem trem, é inviável para mim. O ramal de Santa Cruz virou parador recentemente, o que aumentou o tempo de viagem. Mas, mesmo assim, demoro 1h20 para chegar até a Central. Sem o trem, vou perder mais tempo e mais dinheiro".
Em nota, a Supervia afirmou que as taxas de ocupação nos ramais "têm se mantido abaixo dos 50%, capacidade máxima estabelecida por decreto estadual". A empresa informou ainda que desde o início da flexibilização "passou a oferecer 522 mil lugares a mais em dias úteis, o que correspondeu a um aumento de 60% em relação à grade anterior". 
Rio de Janeiro 28/07/2020 - Condições dos transportes publicos do Rio. Na foto acima o senhor Wilson de Moraes. Foto: Luciano Belford/Agencia O Dia - Luciano Belford/Agencia O Dia