Foram capacitados 250 policiais militares para atuar no projeto  - Ricardo Cassiano
Foram capacitados 250 policiais militares para atuar no projeto Ricardo Cassiano
Por Letícia Moura*

De agosto de 2019 a julho deste ano, 11.143 mulheres foram atendidas em todo estado pelo programa 'Patrulha Maria da Penha - Guardiões da Vida', que completa um ano na quarta-feira. Do total, segundo a Polícia Militar, 8.488 das vítimas têm medida protetiva expedida pela Justiça e são regularmente assistidas pelas equipes do programa que monitoram e fiscalizam o cumprimento da decisão judicial. Ainda segundo a PM, ao todo foram 25.436 atendimentos a mulheres, entre fiscalizações de medida protetiva e assistência a vítimas de violência.

No mesmo período, foram realizadas 189 prisões de autores de violência doméstica, uma média de uma prisão a cada dois dias no estado, a maior parte delas por descumprimento de medida protetiva, conforme informou a corporação. Das prisões, 41 ocorreram na capital, 36 na Baixada Fluminense e 112 nos demais municípios do estado.

"Esses números são muito expressivos e importantes. Mostram o acesso e a aceitação das mulheres ao serviço da Polícia Militar. O principal viés é a prevenção. Ao longo desse tempo, a vida dessas mulheres se transformou. Elas viviam em estado de pânico e agora, com a proteção das nossas equipes, retomaram suas atividades e recuperaram a autoestima", explicou a tenente-coronel Cláudia Moraes, subchefe do Programa de Prevenções da Coordenadoria de Assuntos Estratégicos (CAES) da PM.

O objetivo estratégico do programa é reduzir ao longo do tempo os inaceitáveis índices de violência contra mulher no estado. É fundamental que as vítimas acionem o serviço 190 na Região Metropolitana e as salas de operações das unidades do interior e que os agressores sejam denunciados nas delegacias.

Níveis de agressão

A psicóloga e professora do IBMR Thais Monteiro explica que antes da agressão física existem outros ciclos, como os abusos verbal e emocional. “Dentro do processo de violência existem vários níveis, que não começam com a agressão física logo no início do relacionamento. Outras diversas maneiras, em que essa relação vai sendo pautada, culminam na agressão física. Inclusive, a Lei Maria da Penha assinala essas agressões, como aquelas de nível psicológico e patrimonial, por exemplo", esclarece. 

A psicóloga Grace Falcão orienta que as mulheres observem os sinais e prestem atenção nas chantagens. Segundo a especialista, frases como "Olha como eu faço tudo por você", "Eu te amo e você não faz à altura" e "Eu só tenho você na minha vida" são um indício de relacionamento abusivo. "Por meio das humilhações, chantagens e manipulações percebemos uma relação abusiva. A manipulação representa uma violência velada, às vezes feita de uma forma sutil. Com isso, o agressor consegue tudo o que quer e a mulher vai se despersonificando".  

*Estagiária sob supervisão de Bete Nogueira 

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