ZONA OESTE - EVENTOS - Marcelo Moraes, promotor de eventos - Jan Sen Photografia
ZONA OESTE - EVENTOS - Marcelo Moraes, promotor de eventosJan Sen Photografia
Por Gustavo Monteiro

Caso a pandemia do novo coronavírus siga controlada no Rio, com ocupação de leitos nos hospitais em queda, é bem provável que fase 6 de flexibilização das atividades, que libera as boates e casas de eventos - com restrições - a partir de 16 de agosto, seja mantida. O setor de entretenimento pede socorro: foi o primeiro a parar, em março, e será o último a retornar. Segundo o colunista Leo Dias, do portal Metrópoles, o segmento de entretenimento no Rio é enorme e as principais produtoras são responsáveis por mais de 480 eventos por ano, movimentando cerca de 1 milhão de pessoas e uma injeção mínima de R$ 17 milhões. Mas o que todos querem saber é: como será o cenário futuro desse mercado? Haverá aglomerações, novos formatos para eventos, regras mais rígidas de higienização? Para abordar essas questões e dar um panorama do setor, O DIA conversou com o produtor Marcelo Moraes, que realiza eventos também na Zona Oeste.

Seu setor muito afetado nessa pandemia mas alguns eventos, como os corporativos, já podem ser realizados. Qual a perspectiva do futuro desse mercado na cidade/país?

Num primeiro momento, acredito em eventos híbridos (presencial e virtual), com público reduzido a um terço das salas presencialmente e distanciamento, conforme portaria da prefeitura, e as demais pessoas devem assistir de suas casas, virtualmente. Segundo a nova portaria, a partir de 16 de agosto, já serão liberados para dois terços da capacidade. Será preciso garantir a segurança de todos com máscaras, álcool em gel e distanciamento. O mesmo vale para coffee breaks, almoço ou jantar, a preferência para estes serviços são o formato lunch box. Quanto aos eventos sociais, festas etc., não vejo, por enquanto, uma saída, pois o vírus ainda circula entre nós e o poder de transmissão é grande. Acredito que o ideal seria liberar somente após a vacina estar disponível ou termos uma endemia. Devemos ir estudando os números de casos e mortes por estados e até cidades para determinar futuras flexibilizações.

A Prefeitura do Rio comunicou que o réveillon desse ano sofrerá mudanças para evitar aglomerações. Como você avalia essa decisão?

A prefeitura gerou uma pequena confusão no último sábado, tivemos uma entrevista deles a um canal de notícias, primeiramente cancelando e remodelando o réveillon. O evento sairia da praia e, inicialmente, iria para pontos turísticos. A repercussão negativa foi imensa, gerando notas de repúdio de diversas associações, como a hoteleira, e por volta de 18h, do mesmo dia, a própria prefeitura voltou atrás e soltou uma nota com princípio de estudo para o mesmo. A decisão é muito prematura. Ainda não temos uma ideia real. Faltam cinco meses para o réveillon e, talvez, a pressão vinda das notícias de São Paulo tenha ocasionado isso. Acho que foi mais desgaste para a imagem da cidade.

Alguns organizadores de eventos estão divulgando e "brigando" pela volta imediata das festas. O que acha?

Sou totalmente contrário a esta ideia. Neste momento, em que o Rio de Janeiro está se recuperando, reduzindo os níveis de contaminação, uma flexibilização com maior engajamento social seria um desastre. Entendo a angústia de todos por volta de festas, mas depois que o pessoal bebe, é muito difícil o controle.

Você teve prejuízo com essa pandemia? Muitos eventos foram cancelados ou adiados? Já remarcou algum?

A pandemia gerou prejuízos sem precedentes. O que foi perdido não será recuperado e levará pelo menos dois anos para que haja algum tipo de estabilização no turismo e eventos. Eu não tive nenhum evento cancelado, mas precisei negociar bastante. Todos foram adiados ou remarcados a partir de agosto até o final de 2021.

Nesse ano, você fez o Camarote Rio Praia, na Sapucaí. O carnaval de 2021 também está gerando comentários e algumas escolas já disseram que só desfilam se já tiver vacina. O que você acha?

Ainda é cedo para falar de carnaval, mas o camarote está a todo vapor. Estamos com venda expressiva para 2021 e com diversas parcerias bacanas fechadas, assim como a procura na rede hoteleira. Acredito que até lá tudo já estará resolvido. Sou uma pessoa extremamente otimista. A cultura de uma forma geral está sofrendo muito com cortes de verba e acredito que as falas foram para pressionar os poderes por algum tipo de recurso, já que não liberaram nada até o momento, a exemplo do ano passado. O Rio de Janeiro não pode ter notícias de que não terá réveillon e carnaval divulgadas, sem amplo amparo e pesquisa. Isso é de uma avalanche negativa que o carioca não aguenta mais. Temos que voltar a valorizar a cultura local e resgatar o orgulho de ser carioca.

Em agosto, você vai comandar a segunda edição da maior live de carnaval, Vozes do Samba, que será beneficente. Como será esse projeto e qual a sua expectativa?

Vou apresentar ao lado de Jack Maia, rainha da Estácio de Sá. Estarão reunidos intérpretes das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro e outros convidados. Estou ainda fechando com um artista bem querido do público para fazer o show de abertura. A live será beneficente com arrecadação de alimentos, itens de limpeza, máscaras e álcool em gel, que serão entregues para as comunidades com as quais os intérpretes convidados tenham vínculo. O evento será transmitido pelo Canal #vozesdosamba no YouTube.

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