Jovem agredido no Ilha Plaza Shopping diz que ficou sem dormir - Arquivo pessoal
Jovem agredido no Ilha Plaza Shopping diz que ficou sem dormirArquivo pessoal
Por Marina Cardoso
Rio - Na tarde deste sábado, a polícia do Rio ouviu as testemunhas no caso de agressão e crime de racismo contra o entregador Matheus Fernandes, de 18 anos, no Ilha Plaza Shopping, na Zona Norte do Rio. O jovem tinha ido ao central comercial na quinta-feira passada para trocar um presente que havia comprado para o pai para o Dia dos Pais e foi agredido no interior do local. Os agentes colheram dois depoimentos, do vigilante e do segurança, que presenciaram a agressão. 
De acordo com o delegado Marcus Henrique Alves, responsável pelas investigações, os dois agressores foram identificados como policiais militares, mas seus nomes não foram revelados. "Com os depoimentos foi possível identificar que os dois homens são agentes e trabalhavam para uma empresa terceirizada que prestava serviço para o Ilha Plaza Shopping", informou o delegado. 
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Dois dias após o caso, Matheus conta que está mais calmo, mas espera que os culpados sejam punidos. "Estava sem conseguir dormir, ainda muito nervoso. Mas preciso me acalmar e esperar que tudo seja resolvido", diz ele. Na confusão, ele contou que um amigo que tentou ajudar foi demitido de uma loja onde trabalhava no shopping. "Ele foi proibido de retornar ao shopping e uma pessoa da loja disse para ele não voltar mais", desabafou ele.
O tio do jovem, Jaime Fernandes, que o representa como advogado no caso, será pedido uma ação indenizatória contra o shopping e contra a loja Renner. "Vamos entrar com pedido de indenização pela agressão e pelo caso de racismo contra os dois", afirmou ele.
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O caso aconteceu enquanto a vítima aguardava atendimento, na Lojas Renner, para a troca do produto. Armados, os agressores suspeitaram que Matheus teria roubado o objeto, que possuía nota fiscal. Eles obrigaram o jovem, que é negro, a seguir até uma escadaria, onde ele foi ameaçado e teve que entregar a carteira com documentos. Fernandes só foi libertado após protestos de clientes.
Em nota, o Ilha Plaza Shopping afirma o seu compromisso no combate à atitudes discriminatórias, sejam elas racistas ou relacionadas à qualquer outro tema que carregue o preconceito em sua essência. Manifestamos o nosso repúdio quanto ao caso ocorrido.

Qualquer abordagem de violência é injustificável aos nossos olhares e, mesmo antes da total apuração dos fatos, a administração do shopping afastou a empresa de consultoria de segurança contratada. Nesse momento de maior “calor”, pedimos à sociedade civil, órgãos e entidades que aguardem a apuração completa dos fatos para que as medidas necessárias sejam tomadas.

Diante de um cenário de racismo estrutural em esfera global, é papel de todos, assim como do Ilha Plaza Shopping, transformar e lutar por um mundo igualitário. Reafirmamos o nosso compromisso em adotar medidas para contribuir com essa luta, que é de toda a sociedade e também nossa.