Festa Closedale, em Campo Grande: região tem um público LGBTQIA  fiel que espera ansioso o retorno dos eventos - Divulgação
Festa Closedale, em Campo Grande: região tem um público LGBTQIA fiel que espera ansioso o retorno dos eventosDivulgação
Por Maria Clara Matturo*

Sem deixar de lado as preocupações, e com as expectativas lá em cima, o público LGBTQIA da Zona Oeste espera reinvenção das festas, no pós-pandemia, e a diversão garantida, claro. Prevista para começar no dia 16 de agosto, a sexta fase de flexibilização da prefeitura deve permitir o retorno dos eventos, com público reduzido e medidas de prevenção. Uma das mudanças previstas é o novo formato das festas, que agora devem acontecer em ambientes abertos, no estilo bar. Mas, apesar das novidades, os produtores esperam manter a essência das casas, usando e abusando das decorações e DJ's que sempre foram uma marca registrada.

A drag queen Branca Vernotta, de 23 anos, é conhecida em Campo Grande por produzir festas relevantes nesse meio, como a Closedale Party, Festa Donatella e a Poolparty Enigma, e contou como tem se adaptado para a retomada: "A saída que eu encontrei foi fazer as festas em espaços abertos, no formato open air. Ainda estamos vendo como vai ficar a situação das bebidas, estamos pensando em vender no local, ao invés de open bar. Assim, evitamos de as bebidas ficarem passando de mão em mão. Também estamos preparando aferição de temperatura na porta, álcool em gel e uso de máscara".


Branca Vernotta, DJ e produtora da Zona Oeste, planeja o retorno das baladas focando nas adaptações para garantir a segurança - Divulgação

Branca relatou também que após quase cinco meses de isolamento, o público está aguardando ansioso a volta das festas. "A procura já está muito grande, mas não podemos nos basear no que o outro está fazendo. Preciso ter a consciência do que é o melhor para o meu público, por isso não estou voltando visando quantidade, e sim qualidade", reforçou, antes de revelar com exclusividade que o próximo evento já tem data marcada: "A Enigma e a Closedale vão acontecer no dia 6 de setembro, em horários separados, para dividir o público".

Apesar de estar animada para o retorno, a produtora garantiu que as festas só acontecerão com autorização da prefeitura. Para acompanhar a agenda e novidades dos eventos, basta acessar o Instagram @closedaleparty.

Vem novidade por aí

O empresário Jorge Nascimento, que é dono da Street Lapa, uma balada conhecida entre o público LGBTQIA , tem planos de abrir uma nova casa em Campo Grande. "Tenho expectativas muito boas para Campo Grande. O público está sedento pela nossa proposta open bar com atrativos diferentes trazidos para a cena LGBT e outros já consagrados. Nosso público é fiel e torce pela melhora do cenário. Prova disso é a grande procura pelos nossos ingressos antecipados para o retorno da unidade da Lapa, sem ter total certeza se a prefeitura irá manter a liberação na próxima fase".

Quando se trata de segurança, Jorge reforçou que todos os cuidados estão sendo tomados: "Na última sexta-feira, representantes do setor de eventos se reuniram com a secretaria de saúde e de vigilância sanitária do Rio para discutir a retomada do setor. A partir da semana que vem serão discutidas as medidas de segurança e os protocolos para a retomada. Mas por conta própria já adotamos algumas medidas como: uso de totem de álcool em gel, tapetes sanitizantes na entrada das unidades e uso de proteção facial para todos os funcionários".

 

É tempo de inovar e criar
Frequentadora das baladas antes da quarentena, a drag Ária Devonn espera maior reconhecimento para quem trabalha na noite
Frequentadora das baladas antes da quarentena, a drag Ária Devonn espera maior reconhecimento para quem trabalha na noitefotos Divulgação
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Tentando transformar o período de isolamento em algo produtivo, a drag queen Ária Devonn, de 22 anos, relatou que foi um "tempo bem difícil, uma quebra de planos e expectativas". Para se manter financeiramente, decidiu inovar. "Estou trabalhando pelas minhas redes sociais. Faço streaming com performances e aulas de maquiagem, então tenho esse contato do público, mesmo que não seja pessoalmente, e isso é muito gratificante".
Sobre as expectativas de volta, Ária espera um cenário de trabalho melhor. "Espero que as pessoas voltem com muito mais vontade e empatia de valorizar quem está por trás da vida noturna. Uma vida que não é fácil, somos expostas ao perigo pela madrugada, principalmente no nosso contexto social, no atual cenário do país. Uma festa é um momento de diversão para aquele público, precisamos ser valorizados e nos valorizar entre nós também. Espero que os próprios produtores e também o público sejam mais abertos para receber novos artistas da noite".
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Como fruto da pandemia, a artista produziu um single que deve ser lançado no próximo mês. "O nome da música é 'Alienada', um pop com vibe anos 80. Eu falo sobre esse tempo que estamos vivendo, tudo que tem acontecido em 2020 e como a população está lidando com a nossa realidade".
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Segurança em primeiro lugar
A DJ Milla Ribeiro, de Campo Grande, foi obrigada a procurar outra ocupação durante a pandemia
A DJ Milla Ribeiro, de Campo Grande, foi obrigada a procurar outra ocupação durante a pandemiaDivulgação
"Por trabalhar com isso, eu espero todos os dias. Minhas expectativas são as melhores possíveis", afirmou a DJ Milla Brito, também moradora de Campo Grande. Ela contou que durante o período sem festas, em isolamento, precisou de uma outra fonte de renda. "Como os trabalhos na noite pararam, tive que buscar outra fonte de renda, comecei a procurar emprego e consegui um home-office. Isso que está salvando a mim e à minha família, pois meus pais trabalham com turismo e estão sem poder trabalhar até hoje. Esse tempo de isolamento foi bom pra mim, aprendi a dar ainda mais importância a serviços essenciais".
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Quando se trata de retomada, Milla acredita que é preciso dar atenção especial à segurança: "Para voltar a frequentar e trabalhar com eventos, basta que a segurança com a saúde esteja em primeiro lugar. Se a organização for boa pra que isso aconteça, então me sinto segura sim. Meu maior cuidado será com essa organização, se o evento me passar segurança, então eu volto a frequentar, pois dependo também dos eventos para sobreviver".
 
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