A Operação Athena contou com a participação das 14 Deams - Reginaldo Pimenta
A Operação Athena contou com a participação das 14 DeamsReginaldo Pimenta
Por Anderson Justino

A Polícia Civil prendeu ontem 57 homens acusados de agressão contra mulheres e que estavam foragidos. A Operação Athena foi desencadeada pelo Departamento Geral de Polícia de Atendimento à Mulher (DGPAM) e contou com a participação das 14 Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam) do Estado do Rio.

A maior parte dos mandados é resultado de investigações a partir de denúncias feitas pelas próprias vítimas. Não por acaso, a delegada Sandra Ornellas, diretora do DGPAM, orienta que todas as mulheres que sofrerem algum tipo de violência procurem as Deams ou liguem para o número 197.

"Verificamos que havia esses mandados pendentes de investigações do ano passado. Dividimos, então, os mandados e distribuímos para cumprimento em 14 Deams, com apoio operacional das unidades distritais ou cumprimento pelas próprias distritais nos locais em que não há uma Deam", disse Sandra.

A delegada explicou que durante o período de isolamento social, houve uma redução expressiva no número de registro de violência doméstica. No entanto, a queda representa, na verdade, uma subnotificação dos casos. "Isso não significa que tenha havido uma redução da violência. A casa é o lugar mais violento para as mulheres. Elas estão com os agressores e vivendo com medo. Há subnotificação", alertou ela.

A Polícia Civil tem registros de homens de 17 a 70 anos que agridem de forma verbal, psicológica, e física ou até mesmo sexualmente, mulheres mais próximas, como filhas, enteadas, netas e esposas. Para a delegada Sandra Ornellas, os agressores não conseguem manter um perfil definido. A maior parte alega ter agido em legitima defesa.

AGRESSORES ALEGAM LEGITIMA DEFESA
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Para a delegada Sandra Ornellas, os agressores não conseguem manter um perfil definido. A maior parte alega ter agido em legitima defesa.

“As desculpas são quase as mesmas. Muitos falam que são homens de bem, que fazem o papel de homem da casa e que suas mulheres não cumprem a obrigação delas. Eles precisam entender que a mulher não é um objeto e tem os mesmos direitos. Já tivemos casos de um agressor dizendo que a vida dele acabou quando a mulher decidiu estudar. Ele diz que aprendeu com o pai que o homem cuida da casa”, diz a delegada.

Dados da Polícia Civil mostram que a maior parte dos registros de agressões é feito por mulheres pardas e negras. Mulheres ricas e com alto índice de escolaridade estão entre o menor grupo de denúncia.

Ornellas explica que mulheres que moram em favela temem pela denúncia por conta de repressão não só por parte do agressor.

“Se ela faz a denúncia, acaba levando a polícia para dentro da comunidade. Isso pode ter reflexo contra ela. O que deixamos bem claro é que, se a mulher foi agredida, precisa denunciar”, conclui.
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