Policiais atiram e jogam bombas de efeito moral para dispersar evento de futsal no Morro dos Macacos - REPRODUÇÃO DE VÍDEO
Policiais atiram e jogam bombas de efeito moral para dispersar evento de futsal no Morro dos MacacosREPRODUÇÃO DE VÍDEO
Por Yuri Eiras
Rio - Um jovem foi morto durante um torneio de futsal realizado na noite de sexta-feira (14), em uma quadra no Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Segundo testemunhas, Caio Gabriel Vieira da Silva, de 20 anos, participava do campeonato quando policiais militares da UPP local tentaram interromper o evento, que contava com cerca de 300 pessoas. Familiares e amigos afirmam que Caio foi morto com quatro tiros de fuzil pelas costas. Nas redes sociais, a camiseta usada pelo jovem aparece manchada de sangue.
Camiseta utilizada por Caio Gabriel no momento dos tiros - REPRODUÇÃO FACEBOOK
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Vídeos publicados nas redes mostram que os PMs utilizaram bombas de efeito moral para dispersar os participantes. Stellinha Moraes, fundadora da ONG Anjos da Stellinha, que atua na comunidade, publicou um vídeo denunciando o episódio. "Famílias inteiras estavam presentes. O torneio é um acontecimento da comunidade. No meio da madrugada, a polícia começou um confronto. Isso só partiu deles. Começaram a jogar bombas de efeito moral, tiros para dentro do torneio, com muitas crianças e adolescentes", explica. "Temos acesso a vários vídeos onde mostram policiais com touca ninja, sem a gente conseguir ver a identificação, jogando bomba em cima de crianças. Nessa situação, um jovem veio a óbito. Caio não era envolvido com o tráfico. Ele recebeu quatro tiros de fuzil, pelas costas".
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Segundo moradores, a UPP local tem realizado uma espécie de 'toque de recolher' por conta da pandemia, interrompendo festas públicas e eventos. "Esses acontecimentos são reincidentes e periodicamente têm acontecido. Há poucos meses, aconteceu com dois jovens. Eles ficaram internados um tempo no hospital. Com tudo movido para que a gente entrasse na Justiça, os policiais fizeram visitas às vítimas nos hospitais, como, ao nosso entender, forma de coação. As famílias desistiram de dar entrada", denuncia Stellinha.
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Em nota, a Polícia Militar afirmou que "equipes da UPP/Macaco, reforçaram o patrulhamento na Rua Armando de Albuquerque, Morro dos Macacos, na madrugada deste sábado (15/8), após receberem denúncia de que possivelmente haveria um ataque à base principal da Unidade. Por volta das 3h, a unidade foi atacada por disparos de arma de fogo, vindo de diversos pontos simultâneos da localidade e houve revide. Ao cessar o confronto, foram encontrados dois homens caídos ao solo, um de vulgo 'Cascão', e um outro de vulgo 'Jacaré', ambos foram socorridos ao Hospital Federal do Andaraí, mas não resistiram aos ferimentos. Com eles foram apreendidas uma pistola calibre 9mm marca Glock, um rádio transmissor, dez frascos de loló, cinco sacolés de maconha, 112 pinos de cocaína e R$ 32,00 em espécie. Vale ressaltar que ambos eram monitorados pelo Núcleo de Inteligência da UPP/Macacos. Ocorrência encaminhada para a 20°DP".
Perguntada sobre as informações de que policiais da UPP usavam toucas ninja, a corporação não se manifestou.
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Operações policiais em favelas estão proibidas
No último dia 4, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a suspensão das operações policiais em comunidades do Rio durante a pandemia do coronavírus. A medida determina que em casos excepcionais, a operação policial deve ser justificada por autoridade competente e comunicada imediatamente ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro responsável pelo controle externo da atividade policial; e que, nos casos extraordinários de realização dessas operações durante a pandemia, sejam adotados cuidados excepcionais, como o uso de ambulância e a prestação de serviços públicos sanitários.