Solidariedade e companheirismo para sobreviver ao frio. Assim, juntos, Rodolfo Machado, de 58 anos, o francês Yannick, de 60, e o mineiro Eli Batista dos Santos, 43, se uniram a um grupo de cerca de 30 moradores em situação de rua debaixo de uma marquise, na Rua do Senado, para enfrentar a madrugada de ontem, uma das mais frias do ano. Em alguns pontos, a temperatura chegou a 10°C.
"A gente não briga apenas com o frio. Tem a chuva e, principalmente, a fome. Se não ficássemos juntos, morreríamos congelados. Um empresta ou divide cobertor e cama com o outro e, assim, sobrevivemos", diz o pedreiro Rodolfo Machado, que, por conta do vício com a bebida, acabou indo parar nas ruas do Rio.
Para o francês Yannick, a ajuda mútua entre os colegas é o que os mantém vivos. "As pessoas não sabem o que a gente passa. Só mesmo contando com a ajuda dos nossos amigos para superar essa guerra". O francês vive nas ruas do Rio desde o início do ano, quando saiu da prisão após cumprir pena por tráfico internacional de drogas.
Um dos amigos apoiadores é o ativista Leo Motta, ex-morador de rua. Ele é idealizador do projeto 'A rua é casa de muitos, não deveria ser de ninguém', que distribuiu ontem 100 máscaras, 300 sanduíches, 200 copinhos de guaraná, 100 cobertores e roupas, na Carioca. Para contribuir, acesse http://vaka.me/1085134.
Estudo mapeou 14 mil sem teto
No Rio, o apoio às pessoas em situação de rua é feito pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos. A pasta não sabe precisar o número exato dos que vivem nas ruas da cidade, no entanto, um estudo de 2016 feito pela ex-secretária Teresa Bergher revelou que 14 mil pessoas estavam nessa situação.
Este ano, o números seria atualizado pela prefeitura em parceria com o Instituto Pereira Passos, mas o trabalho teve que ser interrompido devido à pandemia da covid-19.
Recentemente, a prefeitura, com apoio do Consórcio BRT, arrecadou cerca de 170 quilos de agasalhos, que foram doados às pessoas em situação de rua.
Cidade em estágio de atenção
A cidade do Rio entrou em estágio de atenção com a chegada da frente fria. Há previsão de chuva para hoje, e a temperatura deve permanecer na casa dos 21°C, com a mínima prevista para 12°C. O mar deve continuar agitado ainda neste domingo, com ondas de 3 metros. A queda na temperatura deve permanecer até terça.
Por conta da chuva que castigou a cidade entre a noite de sexta e a madrugada de ontem, houve bolsões d'água em vários pontos. Até o fim da manhã, a Defesa Civil havia acionado 12 sirenes em oito comunidades (Salgueiro, Liberdade, Chacrinha, Matinha, Prazeres, Escondidinho, Vila Elza e Formiga).
Até o fechamento desta edição, não havia informações de deslizamento de terra ou queda de árvores. Já em Niterói, um carro foi engolido por uma cratera que se abriu na Avenida Jerônimo Afonso, no Caramujo. Ninguém ficou ferido. Em nota, a prefeitura atribuiu o incidente à chuva que atingiu a região, e explicou que houve afundamento de uma galeria, em fase de implantação, sob o carro.
