Nova Iguaçu: dificuldade em reduzir a circulação - fotos Cléber Mendes
Nova Iguaçu: dificuldade em reduzir a circulaçãofotos Cléber Mendes
Por GUSTAVO RIBEIRO E JULIANA PIMENTA
Rio - Nas ruas, a cada dia aumenta o desprezo às medidas de proteção contra a covid-19. A falsa sensação de segurança é reforçada pelo discurso de controle da pandemia. Levantamento feito pelo DIA com base nos boletins da Secretaria Estadual de Saúde (SES) até o último dia 22 revela que dez dos 22 municípios da Região Metropolitana do Rio — quase metade — registraram aumento de casos em agosto, em comparação com o mesmo período de julho. Oito cidades apresentaram crescimento nas notificações de óbitos.
Gráficos de evolução coronavírus no Rio - Infografia O DIA
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Entre as cidades que tiveram maior aumento de casos, Belford Roxo, na Baixada Fluminense, sai em disparada, com alta de 936,8%. Foram confirmados 445 diagnósticos da doença nos primeiros 22 dias de julho e 4.614 em igual período de agosto. Em seguida, estão no topo do ranking alarmante da escalada de novos casos os municípios de Rio Bonito (392,3%), Petrópolis (100%), Nova Iguaçu (67,4%) e Rio de Janeiro (39,9%), seguidos de Japeri (38,8%), Maricá (36,9%), São João de Meriti (35,9%), Nilópolis (19,8%) e Mesquita (5,6%). Seis dos dez ficam na Baixada.
Gráficos de evolução coronavírus no Rio - Infografia O DIA

Japeri, também na Baixada Fluminense, é o município do Grande Rio que apresentou o salto mais expressivo em mortes contabilizadas em agosto. Entre os dias 1º e 22 de julho a cidade registrou um óbito por covid-19. Nos 22 primeiros dias de agosto, foram notificados cinco óbitos, o que fez o número de novas mortes crescer 400%, considerando o mesmo período do mês anterior. A cidade possui o pior IDH da Região Metropolitana e não tem hospital próprio. Também viram a quantidade de novos óbitos aumentar: Itaguaí (150%), Rio Bonito (100%), Paracambi (100%), Belford Roxo (54,1%), Mesquita (33,3%), Magé (9,5%) e Nova Iguaçu (4,9%). Todos na Baixada, exceto Rio Bonito, no Leste Fluminense.

Presidente da Sociedade de Infectologia no Rio de Janeiro, Tânia Vergara destaca que a alta era prevista. "Já era esperado um aumento do número de casos com as medidas de flexibilização, mas não estamos esperando um aumento do número de casos como na primeira onda", pondera a especialista, que acredita que as medidas de prevenção ainda não podem ser afrouxadas.

"Todos precisam lembrar que o vírus continua circulando e que ainda existem muitas pessoas vulneráveis. Aquele que não tem medo de contrair o SARS-CoV-2, porque crê numa situação favorável do ponto de vista de idade e comorbidades, deve lembrar que, mesmo se evoluir de forma assintomática, poderá contaminar alguém que poderá ter um quadro grave e até morrer. Cada um é responsável por si e por quem está no seu entorno", argumenta.
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Gráficos de evolução coronavírus no Rio - Infografia O DIA

As cidades que reduziram novos casos registrados em agosto são: Magé (-51,7%), Seropédica (-51,4%), Itaguaí (-44,2%), Tanguá (-38,8%), Niterói (-30,5%), Guapimirim (-25,5%), Cachoeiras de Macacu (-24,3%), Queimados (-22,3%), São Gonçalo (-20,3%), Duque de Caxias (-17,8%), Paracambi (-13,9%) e Itaboraí (-8,6%). Entre as que registraram menos mortes neste mês, destaque para São Gonçalo (-62,2%), Maricá (-58,8%) e Petrópolis (-54%). A capital também reduziu as novas mortes, com menos 32%.
Gráficos de evolução coronavírus no Rio - Infografia O DIA

Ontem, O DIA já tinha revelado que o número de novos casos confirmados no estado inteiro nos primeiros 21 dias de agosto era 33,44% maior que o registrado no mesmo período de julho - 39.823 contra 29.843.
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Governo e prefeituras respondem
A reportagem procurou o governo do estado e os 13 municípios onde os aumentos foram registrados para explicações. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) defendeu, em nota, que "os indicadores de óbitos estão em queda sustentada". No entanto, a análise do governo leva em conta a comparação com o pico da pandemia, ainda em maio. A SES, bem como a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, atribuem a alta de casos ao aumento de testagem no Estado e à mudança nos critérios de notificação definidas pelo Ministério da Saúde.
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Já a Prefeitura de Belford Roxo informou que irá se reunir ainda hoje para analisar os dados. "Sendo necessário, novas medidas de flexibilização poderão ser adotadas".
A Prefeitura de Nova Iguaçu informou que reconhece o aumento, mas não afirma que haja uma crescente de contágio. Em nota, disse que não há indicativo de que haja mudanças na flexibilização.
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A Prefeitura de São João de Meriti reconhece que o aumento pode estar associado à flexibilização e diz que pode haver a necessidade de voltar atrás na reabertura. "Se a ocupação de leitos chegar a 80%, o prefeito terá de decretar lockdown", informou, em nota.
As prefeituras de Nilópolis e Magé atribuem a alta à demora de inserção de casos antigos nos dados oficiais. De acordo com a Prefeitura de Nilópolis, o Laboratório Lacem, contratado pelo estado, está demorando três vezes mais tempo do que esperado (de 15 para 45 dias) para divulgar os resultados dos testes de covid-19
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Secretaria divulga novo balanço
O último balanço da SES, divulgado ontem, aponta que o Estado do Rio acumula, desde o início da pandemia, 210.984 casos e 15.292 mortes. As cidades com maior número de casos são a capital (86.767), Niterói (10.432) e São Gonçalo (10.404). As que contabilizam maior número de mortes até o momento são Rio de Janeiro (9.321), São Gonçalo (638) e Duque de Caxias (632).