Polícia Civil e MP fazem operação contra milícia na Baixada Fluminense - Cleber Mendes / Agência O Dia
Polícia Civil e MP fazem operação contra milícia na Baixada FluminenseCleber Mendes / Agência O Dia
Por Lucas Cardoso e Luisa Bertola*
Rio - A Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) realizam nesta quinta-feira a megaoperação para desmontar milícia que atua em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Chamada de "Consagrado", a ação prendeu até o momento 15 pessoas, entre eles dois policiais militares da ativa e dois ex-PMs, que estariam envolvidos. Ao todo, foram expedidos 32 mandados de prisão preventiva e 71 de busca e apreensão contra a milícia que atua em Austin. O grupo de milicianos controlava o pontos de TV pirata, venda de gás, fornecimento de água, transporte alternativo no bairro e no serviço de mototáxis. 

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Polícia Civil e MP fazem operação contra milícia na Baixada Fluminense Cleber Mendes / Agência O Dia
Polícia Civil e MP fazem operação contra milícia na Baixada Fluminense Cleber Mendes / Agência O Dia
Polícia Civil e MP fazem operação contra milícia na Baixada Fluminense Cleber Mendes / Agência O Dia
Polícia Civil e MP fazem operação contra milícia na Baixada Fluminense Cleber Mendes / Agência O Dia
Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) Divulgação
Em entrevista coletiva,  o delegado Moyses Santana, titular da DHBF que coordena a operação, disse que a atuação do grupo no controle dos pontos de mototáxi na região chamou a atenção da polícia. Para obter o controle do transporte alternativo, os milicianos teriam cometidos pelo menos 20 homicídios. 
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"A disputa pela liderança desse negócio na comunidade foi o que motivou a maior parte dos homicídios ocorridos nessa região, e que deu início a essa operação, que levou cerca de um ano", disse o delegado. A maioria dos presos foi pega de surpresa pelos policiais enquanto dormiam. Com o grupo foram apreendidas três pistolas, cinco pistolas, um revólver, duas espingardas, quatro simulacros, farta quantidade de munição, drogas e dezenas de aparelhos para transmissão de TV. 
Entre os presos está o cabo da PM, Eduardo Oliveira dos Santos, que era lotado no 21ºBPM (Mesquita). O policial foi indiciado e denunciado por corrupção passiva.
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A advogada de defesa do PM, Silvia Nathalia Rodrigues Cunha, 31 anos, alega que o militar possui condições financeiras incompatíveis com as acusações feitas pela PC. "Meu cliente tem condições financeiras incompatíveis com o que está sendo acusado. Mora de aluguel, inclusive", defendeu ela. 
Segundo o delegado, a operação continua e agentes ainda fazem buscas de alvos. 
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Relação dos presos até o momento: 
- Júlio Cesar de Oliveira Silva (PM)
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- Eduardo Oliveira dos Santos (PM)
- Nerildo Sérgio dos Santos (Ex-PM)
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- Vladimir Guimarães Ferreira (Ex-PM)
- José de Pontes Filho (preso em flagrante)
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- Paulo dos Santos Ferreira (preso em flagrante)
- Abner de Mello Grillo
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- Thiago da Silva Gonçalves
- Thiago Henrique Oliveira Rangel
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- Urban Cavalcante Pinto
- Gustavo Carlos Borges
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- Diogo José de Lima Alves
-  Osvaldo Pereira Garcia Filho
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- Jonathan da Paiva Torques
- Gleidson de Oliveira Leite
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Em nota, a Polícia Militar confirmou a prisão dos dois agentes e afirmou que "a corporação, como tem demonstrado ao longo de sua história, não compactua e pune com o máximo rigor desvios de conduta cometidos por seus membros".
Investigação
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De acordo com o MP, as investigações se iniciaram em agosto de 2019, por conta de um duplo homicídio ocorrido em Austin e foram descobertos vários indícios da prática do crime de organização criminosa. A denúncia contra a quadrilha aponta como lideranças do grupo Vladimir Guimarães Ferreira, o ex-policial militar Luiz Fernando Cardoso de Loiola, vulgo Nandinho, e Luiz Carlos Pereira dos Santos Cruz, vulgo Nem Corolla.
A investigação aponta registros de que o grupo exigia "taxa de segurança", bem como pagamento de quantias por mototaxistas, para que estes pudessem circular livremente e, ainda, monopolizava o fornecimento de água e cesta básica, além de impor serviço clandestino de TV a cabo e internet.
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O inquérito também comprova que a organização criminosa realizava o pagamento de propina para policiais militares regularmente, para que esses deixassem de repreender as ações do grupo. A investigação apurou que dentre os agentes que recebiam a propina estão os PMs denunciados Julio Cesar de Oliveira Silva e Eduardo Oliveira dos Santos, vulgo Dudu. Os dois também foram denunciados por organização criminosa e corrupção passiva.

A investigação também apontou indícios de uma aliança entre a organização criminosa e uma facção do tráfico de drogas, formando uma narcomilícia. 
*Estagiária sob supervisão de Cadu Bruno