Por O Dia

Diante do afastamento de Witzel do Governo do Estado por determinação do Superior Tribunal de Justiça, quem assume o posto é seu vice, Claudio Castro (PSC), uma figura que se distancia dos holofotes da política fluminense e que pode mudar a agenda do governo. Nascido em Santos, interior de São Paulo, Castro é o vice-governador mais novo da história do estado do Rio, com 39 anos à época. Endereços ligados a Castro também foram alvos das buscas e apreensões da Operação Tris In Idem, deflagrada ontem pela Polícia Federal, e acusado de organizar o esquema criminoso dos desvios, juntamente com Witzel.

Apesar de paulista de nascença, Claudio Castro se mudou para o Rio ainda criança e, em 2005, concluiu seus estudos em Direito, pela Univercidade. Pouco antes de se formar, começou sua trajetória na política como chefe de gabinete do então vereador Márcio Pacheco (PSC), investigado na operação Furna da Onça por realizar esquema de "rachadinha" em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Mas foi apenas em 2014 que realmente ingressou como político como vereador do Rio pelo Partido Social Cristão (PSC).

Na corrida para governador, em 2018, Witzel não conseguiu formar alianças partidárias para compor a chapa  e, diante disso, Castro caiu de para-quedas na campanha eleitoral, antes mesmo de completar o primeiro mandato como vereador. Logo no começo da gestão, ainda em 2019, assumiu órgãos como Detran, departamento que, hoje, possui forte influência de Pastor Everaldo, presidente do PSC, preso na Operação Tris In Idem. Recentemente, devido à saída do secretário da Casa Civil, André Moura, Castro também assumiu um papel importante no governo, sobretudo diante da crescente fragilização: a interlocução com o parlamento. 

Longe dos holofotes da política, Castro é um velho conhecido dos palcos como cantor gospel. Em 1997, ingressou na banda católica "Em nome do Pai" e gravou o CD "Pare pra Perceber", em 2003 e, na carreira solo, gravou o "Em nome do Pai", lançado em 2011. Até hoje, o político posta vídeos cantando nas redes sociais, sendo o mais recente aos pés do Cristo Redentor. 

Primeira agenda do interino

O governador interino Claudio Castro convocou, ontem, reunião com a cúpula da segurança do Rio, no Palácio Guanabara, sede do governo estadual, sua primeira agenda no cargo. Participaram representantes das polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros, da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária e da Procuradoria Geral do Estado. 

Guinada religiosa na liderança do Rio de Janeiro
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Com perfil discreto, Claudio Castro conquistou o posto de vice-governador por acaso. Apesar de maior vivência na política do que Witzel, ele pode trazer uma nova característica para o Estado do Rio: o político com raízes na religião. 
Para Michael Mohallem, coordenador do Centro de Justiça e Sociedade do curso de Direito da FGV, o fenômeno, que era pouco comum, agora é corriqueiro no cenário político brasileiro.
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"Ao mesmo tempo que tem a ligação com a política, a ligação passa pelo meio religioso. Isso tensiona a laicidade do Estado ao eventualmente querer tomar decisões políticas ligadas à fé. Possivelmente, ele vem com essa agenda, como a do prefeito Marcelo Crivella", afirma.
Ainda segundo Mohallem, Castro vai entrar em um governo já fragilizado, praticamente sem base política, e justamente por ser desconhecido no meio deve recorrer à família Bolsonaro para conseguir governabilidade. "Precisa de alinhamento com vereadores e deputados para dar respaldo, e tudo está indicado que o caminho vai ser com a força política de Bolsonaro. Ontem, por exemplo, estava em Brasília", destaca. Para ele, apenas com essa base será possível tentar atravessar a crise do Rio.
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