ZONA OESTE - CHRISTIAN OLIVEIRA - Morador de comunidade da Zona Oeste do Rio se destaca em nobres torneios de tênis  - Divulgação
ZONA OESTE - CHRISTIAN OLIVEIRA - Morador de comunidade da Zona Oeste do Rio se destaca em nobres torneios de tênis Divulgação
Por O Dia

Apesar de o tênis ser considerado um esporte de elite, Christian Oliveira, nascido e criado na comunidade da Gardênia Azul, Zona Oeste do Rio de Janeiro, é a prova concreta de que  também pode ser inclusivo e oferecer excelentes oportunidades.

Oliveira é filho de Glaucier Oliveira, mais conhecido como Pará, professor de tênis oriundo da Rocinha, que treinou no início da carreira o multicampeão de Grand Slams, Bruno Soares. Quando era pequeno, Christian adorava frequentar o clube em que seu pai dava aula e sempre queria estar dentro da quadra brincando. Foi a partir daí que surgiu a paixão pelo tênis.

De acordo com o jovem, o tênis ainda é, infelizmente, um esporte bem excludente. "É muito difícil ter acesso aos equipamentos como raquete e bola. Todo o custo é muito caro, não é todo mundo que consegue ter acesso. É uma pena, tem muita gente com talento que não consegue ter acesso ao esporte. Eu espero que isso melhore e que criem mais projetos sociais como o que já existe na Rocinha e ajuda as crianças de lá a começarem a jogar tênis", afirmou o tenista.

Mesmo com apenas 20 anos, Christian já teve uma série de experiências no mundo do tênis. Em 2015, o jovem foi considerado o número 1 do Brasil na categoria 15/16 anos. Além disso, já foi campeão do Brasileirão, principal torneio nacional. Em 2018, o tenista foi convocado pela Seleção Brasileira pra disputar a Copa Davis, considerada a Copa do Mundo do tênis. Além de disputar campeonatos fora do país, chegou a passar um período treinando na Espanha e mais recentemente estava na Itália treinando na Accademia del Tennis, em Villa San Giovanni, no sul do país.

Porém, como a Itália acabou sendo o epicentro da pandemia do novo coronavírus na Europa, Christian respeitou rigorosamente o isolamento social. O tenista afirmou que foi um período sem treino nas quadras, mas de muito aprendizado. "Passei a quarentena na Itália. Fiquei 3 meses trancado dentro de casa, não conseguia fazer muita coisa, somente o básico como os exercícios de prevenção contra lesões. Eu não conseguia ir pra quadra treinar. Mas foi um período muito importante pra mim, principalmente na parte mental. Acredito que eu amadureci bastante".

Ao retornar ao Brasil, Christian disputou, na semana passada, o 2º torneio profissional da Tennis Route. O jovem acabou sendo derrotado nas quartas de final por 7/6 e 7/6 para o campeão do 1º torneio, o sueco-carioca Christian Lindell. Mas isso não abalou Christian, que segue treinando na academia situada no Recreio dos Bandeirantes, para chegar no mais alto nível nos próximos campeonatos.

Tendo Guga como fã, o esportista afirma que possui duas metas na carreira. "Meu principal objetivo é estar entre os 100 melhores do mundo da ATP. Eu tenho uma meta de ano que vem estar entre os 600 melhores do mundo e assim ir evoluindo o meu ranking ano a ano. Acredito que seja um objetivo alcançável".

Para atingir essas metas, Christian possui uma rotina de treinos especial. "Eu chego 8:30 na academia, faço 1 hora de físico e depois vou pra quadra. Na quadra, treino durante 2 horas e saio pra almoçar. Depois, volto pra academia, faço mais 1 hora e meia de físico e termino com mais 2 horas de treino na quadra", conta.

Quando uma raquete muda o rumo da história
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Assim como Christian Oliveira, que é cria da comunidade da Gardênia Azul, as supercampeãs irmãs Williams também vieram de origem bem humilde. Elas cresceram na periferia de Los Angeles, uma das regiões com maior índice de criminalidade dos Estados Unidos, e o tênis acabou transformando as suas vidas.
Hoje, Serena Williams é considerada uma das maiores e melhores jogadoras de todos os tempos. A americana coleciona recordes e é praticamente imbatível. Sua carreira começou quando o pai, Richard Williams, levou ela e sua irmã Venus para aprenderem a jogar tênis nas quadras da periferia de Compton, na Califórnia.
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As irmãs também lutaram contra outro paradigma do tênis: o preconceito racial. A história recente dos Estados Unidos, que é manchada pela segregação racial, muitas vezes acaba tendo reflexos no esporte. Por anos, o tênis era visto como um esporte da elite branca, mas as irmãs Williams lutaram contra isto e foram um dos maiores símbolos de rompimento deste modelo. É verdade que ainda falta muito para o tênis ser acessível, mas os primeiros passos foram dados.
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