Funcionários são contratados pela prefeitura para atrapalha reportagens nas portas dos hospitais municipais - Reprodução / TV Globo
Funcionários são contratados pela prefeitura para atrapalha reportagens nas portas dos hospitais municipaisReprodução / TV Globo
Por Beatriz Perez
Rio - A Polícia Civil deflagrou na manhã desta terça-feira uma operação para investigar um grupo de servidores articulados para impedir o trabalho da imprensa denominado "Guardiões do Crivella".

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Funcionários são contratados pela prefeitura para atrapalha reportagens nas portas dos hospitais municipais Reprodução / TV Globo
Grupo 'Guardiões do Crivella' no Whatsapp Reprodução / TV Globo
Marcelo Crivella Cléber Mendes
Prefeito do Rio, Marcelo Crivella Cléber Mendes
Prefeito do Rio, Marcelo Crivella Ricardo Cassiano / Agência O Dia
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O servidor apontado como chefe do grupo, Marcos Paulo de Oliveira Luciano, o ML, foi um dos nove alvos de mandados de busca e apreensão expedidos. Ele presta depoimento na sede da Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE) na tarde desta terça-feira.

No endereço de ML, em Olaria, Zona Norte do Rio, foram apreendidos celular, notebook, dinheiro, anotações e um pacote com o nome de "Crivella", que será analisado.
Outro alvo da operação de hoje, Marcos Aurelio Poydo Mendes ironizou uma ligação recebida da polícia e recomendou que o policial encaminhasse a intimação para o gabinete do prefeito Marcelo Crivella.
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O titular da Draco, delegado William Pena, conta que constatou três crimes no esquema revelado pelo 'RJTV2' da TV Globo. Ele explica que a operação desta terça-feira marca o início da investigação e explica que decidiu cumprir os mandados na manhã desta terça-feira para evitar destruição de provas. 
" Ontem, só ao assistir a reportagem, constatei a existência de três crimes: atentado á segurança de serviço de utilidade pública, associação criminosa, e advocacia administrativa. Imediatamente, instaurei inquérito. Instruí com cópia da reportagem que foi exibida. Durante a madrugada inteira a seção de Inteligência fez o levantamento das pessoas envolvidas para confirmar que de fato eram servidores da Prefeitura e a gente representou no Plantão Judiciário pela expedição de mandados de busca e apreensão que foram cumpridos hoje", conta o delegado.
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Foi constatado que os envolvidos eram servidores remunerados da Prefeitura pelo Portal da Transparência da Prefeitura. 
Foram expedidos mandados de busca e apreensão para nove endereços. Destes, a polícia cumpriu quatro. Os outros cinco não foram cumpridos por estarem localizados em comunidades e a Polícia alegou falta de segurança jurídica para cumprir os mandados.
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"A gente teria que ter um aparato para (entrar na) comunidade, incluindo a utilização de aeronave. A gente não pode fazer, tendo em vista que a decisão do STF não dá os limites do que seria excepcional e causa total insegurança jurídica para que os operadores possam atuar em áreas consagradas", contestou o delegado William Pena.
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Os alvos da operação são:
Marcos Paulo do Oliveira Luciano (ML) - Conduzido à Draco para prestar depoimento
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Marcos Aurélio Poydo Mendes - Polícia não cumpriu mandado por residir em comunidade no Engenho da Rainha. Contatado por policiais, Marcos ironizou as equipes e orientou os agentes a enviarem a intimação ao gabinete do prefeito.
Luiz Carlos Joaquim da Silva, o Dentinho - Mandado cumprido com sucesso. Conduzido para prestar depoimento na Draco
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Ricardo Barbosa de Miranda - Mandado não cumprido por residir em comunidade
José Rogério Vicente Adeliano - Encontrado e conduzido para delegacia
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Daniela Rocha Pinto de Jesus - Mandado de busca e apreensão cumprido
Marcio Ribeiro Santos - Residente na Mangueira, não teve mandado cumprido
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Os demais alvos não foram identificados. 
Os materiais apreendidos foram telefones, dinheiro, computadores, anotações e contabilidades que serão analisados.
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Prefeitura diz que denúncia da TV Globo é chantagem por publicidade
A Prefeitura do Rio diz que funcionários ficaram nas portas dos hospitais para esclarecer a população e que a denúncia realizada pela TV Globo é uma "chantagem" para receber "dinheiro de publicidade". O órgão lamenta que o Ministério Público tenha recebido essa denúncia. "A Prefeitura do Rio informa que nenhuma pressão a fará destinar dinheiro de publicidade à TV Globo e reafirma seu propósito de continuar trabalhando em benefício da população", finaliza a nota.
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Ministério Público também investiga crime
O Ministério Público estadual (MPRJ) vai investigar a possível prática de crimes que teriam sido cometidos pelo prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) pela montagem e manutenção de um serviço ilegal na porta dos hospitais municipais. A investigação vai ser feita através de um procedimento preparatório criminal, que foi instaurado nesta terça-feira pela Subprocuradoria-Geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos do MPRJ (Subcriminal), com apoio do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (Gaocrim).
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Além de associação criminosa e constrangimento ilegal, o Ministério Público vai investigar a existência de crime de responsabilidade por parte do prefeito.
"As possíveis irregularidades cometidas no âmbito da improbidade administrativa serão objeto de análise pela 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital", o MPRJ disse.
'GUARDIÕES DO CRIVELLA'
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De acordo com a TV Globo, funcionários pagos pela prefeitura fariam plantão na porta dos hospitais para impedir o trabalho da imprensa e dificultar denúncias e reclamações de cidadãos cariocas sobre o funcionamento das unidades. Em grupos de WhatsApp, eles se autointitulam Guardiões do Crivella.
Ainda segundo a emissora, os funcionários têm a orientação do gabinete do prefeito e recebem até mais de R$ 4 mil por mês. Eles têm escalas diárias, horários rígidos e são ameaçados de demissão caso descumpram as determinações.