Estação Magalhães Bastos: grande movimentação gera reclamação dos passageiros de superlotação - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Estação Magalhães Bastos: grande movimentação gera reclamação dos passageiros de superlotaçãoReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por Luísa Bertola*
Rio - Após constatar o abandono nas estações do BRT Transoeste e BRT Transcarioca, o DIA percorreu duas estações em funcionamento do corredor Transolímpica (Sulacap e Magalhães Bastos) e a reclamação dos passageiros é constante: a superlotação e a demora no serviço entre os ônibus. No terminal Sulacap foi possível constatar muitos usuários entrando de forma indevida na estação, apesar das placas que avisam sobre o risco. Os calotes também foram relatados por funcionários da estação em Magalhães Bastos.
Os passageiros reclamam que os ônibus viajam com superlotação e não é possível fazer o distanciamento social proposto como forma de combate ao coronavírus. Assista ao vídeo
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Uma moradora de Vila Valqueire, que preferiu não se identificar, relatou que os ônibus do BRT costumam viajar cheios e reclamou da superlotação nos transportes públicos. "Os ônibus aparecem lotados, mesmo com a pandemia, com a quarentena, mas a gente não tem outra escolha, tem que sair para trabalhar", contou ela.

Segundo a moradora, é preferível pegar um ônibus ao BRT porque o coletivo a deixa mais próxima do local de trabalho, na Taquara. Quando usa o BRT, ela embarca primeiro em um ônibus no ponto próximo de casa e segue no articulado na estação da Praça Seca. Ela contou ainda que a estação da Praça Seca, da Transcarioca, está funcionando e os guardas do BRT atuam no local. Segundo a moradora, os articulados que de que precisa passam em intervalos regulares e "muito rápido, de 10 em 10 minutos", mas sempre lotados. 

"Em um ou outro [ônibus] que é possível fazer distanciamento social". 
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A jovem Igraine Ramos, de 29 anos, moradora de Jacarepaguá relatou que utiliza o transporte uma ou duas vezes na semana. A jovem trabalha em uma agência de publicidade, na Barra da Tijuca e usa o articulado quando está na casa do namorado, que mora em Realengo. Da casa do rapaz, Igraine pega um ônibus até a estação de Magalhães Bastos, do corredor Transolímpica, até a estação Lourenço Jorge.

"Não é um corredor com muitos problemas como os outros. Não vejo estações fechadas, há estações depredadas, mas nem se compara com os outros corredores", contou ela.

Igraine relatou ainda que, na estação do Lourenço Jorge, o policiamento é ostensivo e a estação Magalhães Bastos fica próxima a áreas militares o que, para ela, inibe as ações de vandalismo das estações. Nas estações citadas, alguns vidros das portas laterais foram levados, mas as catracas e as bilheterias funcionam normalmente.

"A do Lourenço Jorge tem um policiamento ostensivo e na Magalhães Bastos tem área militar ao redor, o que eu acredito que inibe (o vandalismo)", contou ela.

A maior reclamação da jovem é a superlotação dos articulados, sempre lotados. Dentro do transporte, o distanciamento social não existe. Igraine contou que, nos horários de seu uso diário, por volta das 8h para ir trabalhar e 18h para voltar, os ônibus estão sempre apinhados e sem ar condicionado.

Durante a pandemia, os transportes precisam ser feitos com as janelas abertas, mas a jovem relatou que as janelas dos articulados não abrem por serem lacradas e o sistema de ar funciona apenas com a ventilação.

"As janelas dos ônibus são todas lacradas, então não faz diferença usar a ventilação ou o ar-condicionado [em relação a recomendação de viajar com as janelas abertas durante a pandemia da covid-19]. Às vezes a saída de emergência, em cima do ônibus, fica aberta, mas hoje, por exemplo, peguei um que a saída estava fechada".
Um morador de Bangu, que preferiu não se identificar, que utiliza o BRT para trabalhar relatou que não se sente seguro no transporte e criticou o funcionamento do serviço.

Ele embarca na estação Marechal Fontenelle, que contou ser uma uma estação suja, sem fiscalização, com as portas de vidro laterais quebradas e com isso muitas pessoas dão o calote no transporte. O morador embarca nos horários de pico, entre 6h30 e 7h30, em ônibus lotados.

O rapaz ainda contou que o serviço piorou durante a pandemia da covid-19. "Antes da pandemia os ônibus passavam de 5 em 5 minutos e agora demoram de 15 a 20, os intervalos continuam regulares, mas é muito tempo entre um e outro".

Ele utiliza o transporte até a Barra da Tijuca, na estação Alvorada. Segundo ele, na Barra, o serviço muda. A estação final é conservada, o sistema é mais organizado e há fiscalização.

O morador de Bangu ainda reclamou que o ônibus expresso roda até 10h, e a partir desse horário até às 16h20, só é possível pegar o ônibus parador e com esse é necessário fazer baldeação "porque ele não vai até a sua estação. É isso ou o ônibus que custa R$ 15 reais (o frescão)".

Assim como outros usuários do transporte, o rapaz também reclama da superlotação do transporte. Ele afirmou que os ônibus estão sempre cheios e, por conta dos intervalos maiores, a estação se enche rapidamente e todos os passageiros querem entrar nos articulados.

"É precário, lotado, o povo não respeita os assentos preferenciais. Não tem como fazer distanciamento, você até pode tentar fazer, mas o ônibus demora de 15 a 20 minutos e a estação enche nesse tempo", reclamou.

Ele contou que trabalha há mais de 10 anos na Barra e já fazia esse trajeto antes da criação do BRT. Antes, sua rotina consistia em pegar um ônibus que ia direto para o bairro ou precisava ir para a Taquara e depois seguir para a Barra da Tijuca mas, com a criação do BRT, esse ônibus saiu de circulação.
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A equipe do DIA também esteve na estação Outeiro Santo, que permanece fechada. No local, um cenário desolador, semelhante ao que a reportagem constatou ao percorrer estações do BRT Transcarioca.
Mais duas estações do corredor Transolímpica precisaram ser fechadas devido a atos de vandalismo. A estação Olof Palme foi interditada após ser alvo de furtos de cabo duas vezes nesta semana. Na madrugada da última quarta-feira, mais de mil cabos foram roubados e no feriado de Nossa Senhora Aparecida, bandidos arrombaram a bilheteria e furtaram fios, disjuntores e um bebedouro
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Em nota, a concessionária também afirmou que a estação Padre João Cribben, do mesmo corredor, também foi fechada temporariamente por conta de atos de vandalismo.
Com o fechamento dos dois pontos, chega a 34 o número de estações fechadas devido a atos de vandalismo e/ou furtos de equipamentos. No corredor Transolímpica também estão fechadas: Catedral do Recreio, Tapebuias, Outeiro Santo e Minha Praia. Não há previsão para a reabertura de nenhuma delas.
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Após reportagem de O DIA, força tarefa para limpar estações
Nesta quarta-feira, a reportagem do DIA visitou três das oito estações do corredor Transoeste que, há dois meses, a Prefeitura do Rio e o consórcio BRT prometeram revitalizar. Apenas uma funciona: Mato Alto. Nas demais (Nova Barra e Riomar), o cenário é desolador. Há estações parcialmente queimadas, servindo de moradia para pessoas em situação de rua, sujeira para todos os lados e pichações, entre outras avarias.
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Já na manhã desta quinta, foi possível ver equipes do consórcio BRT limpando a estação de Vila Kosmos, na Zona Norte, e dando retoque nas pinturas. De acordo com um funcionário da empresa, a ideia é reabrir o local e que a manutenção será feita por partes, como por exemplo, cuidar da parte elétrica e fazer obras. 
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Para se ter uma ideia, o corredor Transoeste tem 14 estações fechadas por conta de atos de vandalismo e furto de equipamentos: Riomar, General Olímpio, Cajueiros, Vendas de Varanda, Embrapa, Dom Bosco, Recanto das Garças, Guiomar Novaes, Nova Barra, Benvindo de Novaes, Guignard, Gelson Fonseca, Golfe Olímpico.
*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes