'Quero Justiça porque um policial despreparado matou meu filho', diz mãe de marmorista morto na CDD
Marcelo Guimarães, 38, foi morto enquanto passava de moto na Rua Edgard Werneck, na Cidade de Deus. Ele estava a caminho de casa, para buscar o celular que havia esquecido
Por Beatriz Perez
Rio - A mãe do marmorista Marcelo Guimarães, Angélica Francisco Guimarães, 59, cobra indignada Justiça pela morte do mais velho dos quatro filhos nesta segunda-feira na Rua Edgard Werneck. O homem de 38 anos foi baleado e morto enquanto passava de moto para buscar o celular que havia esquecido em casa. Testemunhas dizem que o tiro partiu de um policial que estava em um blindado na via abaixo do viaduto da Linha Amarela.
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A mulher confrontou os policiais militares que estavam reunidos no local e cobrou respeito diante da morte do filho. Ao dirigir-se aos militares ela ressaltou que o filho não morreu por bala perdida, mas por "bala achada". Angélica contesta a versão da PM de que houve confronto no local.
Mãe de Marcelo, Angélica Guimarães contesta policiais sobre versão de bala perdida. Moradores pedem Justiça.
"Os policiais ficam debochando e conversando entre eles. Matam as pessoas sem abordagem", criticou. "Quero Justiça porque um policial despreparado matou meu filho", disse.
Parentes e testemunhas também denunciam que os militares não socorreram a vítima. O blindado deixou o local após a morte. Um vídeo gravado por moradores registra esse momento.
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Morador da Cidade de Deus é morto em ação da PM.#ODia
Testemunhas dizem que um policial militar que estava no blindado mirava um olheiro do tráfico e efetuou o disparo, que atingiu o marmorista no peito.
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Marcelo Guimarães deixa mulher e dois filhos, Arthur Miguel, de 5 anos, e Vitória, de 19. A sobrinha do marmorista conta que Marcelo chegou a enviar uma foto do filho para parentes às 8h16, após deixá-lo no futebol. "Foi o primeiro dia de aula dele na escolinha e ele mandou foto pra família", conta a sobrinha.
O marmorista, que morava na Gardênia Azul, saiu de casa para levar o filho ao futebol e em seguida foi ao trabalho, na Rua Edgard Werneck. Ele retornava para casa para pegar o celular que havia esquecido quando foi baleado. " Parecia que ele estava se despedindo, abraçou os colegas de trabalho e combinou de tomar um café da tarde com a irmã dele", conta a sobrinha Kaylane.
No local do crime, moradores pediam paz na favela e refutavam a versão da polícia de que houve confronto no momento do disparo.
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A irmã de Marcelo, Andressa Guimarães, de 23 anos, disse que acordou com a notícia de que Marcelo havia sido morto. "O que estão falando por aí de que foi tiroteio ou bala perdida, não é verdade. Meu irmão foi baleado, sem motivo nenhum. Só a polícia atirou e os policiais que ficaram aqui ainda ficaram rindo. Uma falta de amor", disse. A irmã também destacou que o irmão não foi socorrido pelos policiais.
"A família está toda desesperada. O pessoal da Cidade de Deus veio aqui e os policiais de descaso. Não socorreram meu irmão. Uma moça que passou aqui que pediu socorro. Meu irmão era o mais brincalhão possível. Eu não tenho nem resposta pra dar aos meus sobrinhos. Meu irmão é trabalhador e simplesmente mataram ele", criticou Andressa.
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A filha mais velha de Marcelo usou as redes sociais para se pronunciar sobre a morte do pai. "Te mataram pai, na crueldade. O senhor era trabalhador, estava indo trabalhar e te mataram. Tão novo, 38 anos, cheio de vida, coração bom!!!! Eu, minha mãe, meu irmão(que tem apenas 5 anos) famílias e amigos não estamos aguentando tanta dor", escreveu Vitória Guimarães, com uma foto com o pai e a hashtag Justiça por Marcelo.
TE MATARAM PAI, NA CRUELDADE, O SENHOR ERA TRABALHADOR, ESTAVA INDO TRABALHAR E TE MATARAM tão novo, 38 anos, cheio de vida, coração bom!!!! eu, minha mãe, meu irmão( que tem apenas 5 anos) famílias e amigos N ESTAMOS AGUENTANDO COM TANTA DOR#justicapormarcelopic.twitter.com/hoHu12wLkY
Em protesto, moradores fecharam a Linha Amarela nos dois sentidos, no início da tarde desta segunda-feira. A via ficou fechada nos dois sentidos por cerca de 20 minutos.
Protesto de moradores da CDD após morte de trabalhador.
Agentes da Delegacia de Homicídios da Capital estiveram no local e realizaram a perícia. A mulher e a irmã de Marcelo foram à delegacia, assim como uma testemunha do crime que trabalha no local. Os policiais também foram prestar dpeoimento.
Em nota a PM nega que tenha realizado operação naquela região. Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual da PM, “equipes do 18º BPM (Jacarepaguá), que reforçam o policiamento nas imediações da comunidade, foram atacadas por disparos de arma de fogo realizados por criminosos de dentro da Cidade de Deus. Os policiais reagiram à injusta agressão e cessaram o ataque. No momento da ação, um motociclista que passava pelo local foi atingido. Infelizmente, a vítima não resistiu aos ferimentos”.
A PM ressalta que desde a semana passada o policiamento, com emprego de um veículo blindado, foi reforçado na região. De acordo com a corporação, PMs são constantemente atacados por criminosos naquele ponto.
“Um Inquérito Policial Militar (IPM) será aberto para apurar as circunstâncias do fato. Paralelamente, a Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso”.
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Já a Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) instaurou inquérito para apurar a morte de Marcelo Guimarães.
Confira a nota na íntegra:
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Segundo depoimento dos policiais militares que participaram da ação, dois agentes estavam no local com o blindado. Criminosos dispararam contra o blindado e um dos PMs efetuou apenas um disparo de dentro do blindado para que seu colega de farda pudesse entrar. Após o fato, testemunhas foram ouvidas e os policiais militares que participaram da ação também prestaram esclarecimentos na Delegacia. A perícia foi realizada no local do crime, um cartucho foi apreendido e a Polícia Civil vai analisar se o projétil confere com as armas dos PMs.