Traficantes ordenaram tortura de homem preso por armazenar pornografia; segundo a polícia, ele não está envolvido no sumiço dos meninos de Belford Roxo - Divulgação
Traficantes ordenaram tortura de homem preso por armazenar pornografia; segundo a polícia, ele não está envolvido no sumiço dos meninos de Belford RoxoDivulgação
Por Aline Cavalcante
Rio - A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHFB) instaurou inquérito, nesta terça-feira, para apurar a tortura de um homem espancado por traficantes da comunidade Castelar por suposto envolvimento no desaparecimento de Lucas Matheus, 8, Alexandre da Silva, 10, e Fernando Henrique, 11. Conforme as investigações, o homem foi preso por armazenar conteúdo pornográfico envolvendo crianças e adolescentes em seu celular, mas não tem relações com o sumiço dos meninos. No fim da tarde, policiais fizeram novas buscas, mas não encontraram pistas.
Segundo os agentes da especializada, a tortura foi ordenada pelos líderes do tráfico local, identificados como José Carlos dos Prazeres Silva, o 'Piranha', e Wiler Castro da Silva, vulgo o 'Estala', ambos foragidos.

A DHBF pede a colaboração de todos com informações sobre o desaparecimento das crianças e informações que levem à prisão dos bandidos. As denúncias podem ser feitas pelo telefone (21) 98596-7442 (WhatsApp)
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Familiares depuseram contra preso
Segundo os familiares dos meninos desaparecidos, o homem levado por moradores da Castelar para DHBF durante a madrugada teria dito que "ficaria rico pois seu santo pediu o sacrifício de três pessoas e ele já sabia quais seriam".

Uma outra versão, passada aos policiais pelo enteado do preso, é que ele teria dito que os meninos foram mortos por milicianos. Por este motivo, moradores e traficantes locais passaram a contestá-lo e dizer que essa fala afastava o foco de sua declaração sobre o "sacrifício" de três pessoas.
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Preso por armazenar vídeos de cunho pornográfico

No celular do homem, os policiais analisaram um vídeo e uma foto com cenas pornográficas envolvendo duas crianças e um adolescente, todos irmãos. Em depoimento, os envolvidos afirmaram que as cenas "eram uma brincadeira". Os agentes destacaram que o simples armazenamento de fotos ou vídeos pornográficos envolvendo crianças ou adolescentes é crime, o que motivou a prisão em flagrante.

Versão descartada

Segundo a DHBF, os depoimentos de familiares das crianças desaparecidas afirmavam também que o preso tinha um grupo de WhatsApp chamado 'Necropsia', o que provaria seu envolvimento na morte e desaparecimento de três crianças.

Os agentes analisaram o telefone celular e constataram que o chip usado por ele pertenceu a outra pessoa, já identificada e sem qualquer relação com com o crime ou os envolvidos. A profissão do homem é técnico de enfermagem, e o grupo 'Necropsia' foi usado para estudos.