Cândido Alves Filho, de 92 anos, foi o primeiro a ser vacinado no Abrigo Cristo Redentor, em Higienópolis - Bernardo Costa
Cândido Alves Filho, de 92 anos, foi o primeiro a ser vacinado no Abrigo Cristo Redentor, em HigienópolisBernardo Costa
Por Bernardo Costa
Começaram a ser vacinados por volta de 19h desta terça-feira os primeiros idosos institucionalizados no Estado do Rio. Ao todo, foram enviadas 300 doses da vacina CoronaVac ao Abrigo Cristo Redentor, em Higienópolis, na Zona Norte do Rio. O espaço, inaugurado em 1935, tem 206 idosos e 262 funcionários. As vacinas serão aplicadas nos abrigados e na equipe de cuidadores, ainda nesta terça.

O primeiro a ser vacinado foi Cândido Alves Filho, de 92 anos, o morador mais antigo do abrigo, onde vive há 47 anos. "Graças a Deus a vacina chegou. Agradeço a todos vocês, parece que eu estou rodeado de anjos", disse o idoso referindo-se à equipe médica que aplicou a dose em seu braço direto.

Pouco antes de receber a dose, Cândido disse que a população do abrigo estava ansiosa pela vacina. No local, foram registrados três mortes de idosos por covid-19, em maio, e de um funcionário, em março. Ao todo, 53 idosos no abrigo testaram positivo para covid-19 durante a pandemia, e cumpriram isolamento em alas destinadas à quarentena no próprio espaço. Outros tiveram que ser internados em hospitais.  

"Agora, todos nós vamos ficar mais aliviados e poderemos voltar a sair. Eu quero ir à igreja e visitar meus amigos em Niterói", comentou Cândido.
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Além dele, os primeiros a serem vacinados no abrigo foram Valmir Rezende, de 58 anos, Antônia do Amaral, de 84 anos, Orcina Marques, de 98, e José Acyr de Souza, de 83, que fez um apelo para que o governo tenha atenção aos povos indígenas do Brasil.

"Nós estamos aqui por causa dos índios. Eles são a nossa raiz. Peço ao governo que olhe por eles neste momento e priorize a vacinação dos índios em todos os rincões deste país", disse o idoso.

Segundo a diretora do Abrigo Cristo Redentor, Lícia Mattesco, na última testagem realizada no espaço, em outubro, três idosos testaram positivo para a covid-19 e se recuperaram nos meses seguintes. Ela conta que o mais difícil na pandemia foi fazer os idosos e familiares entenderem que as visitas não podiam ser realizadas nos momentos mais graves da pandemia.

"Boa parte dos idosos são muito sociáveis e tem uma vida comunitária intensa em seus locais de origem. Eles custaram, mas entenderam a gravidade da situação. Seguimos à risca todos os protocolos da Secretaria de Saúde, mas, infelizmente, ainda assim tivemos casos de covid-19 no abrigo. Passamos por dias difíceis aqui na instituição. Mas, daqui para a frente, com a vacinação, ficaremos mais tranquilos. O sentimento agora é de esperança", disse a diretora.

Na manhã desta quarta-feira, segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, a vacinação será feita em idosos institucionalizados em duas unidades da Fundação Leão XIII, em Sepetiba e Campo Grande, na Zona Oeste.
Responsável pela pasta, o secretário Bruno Dauaire acompanhou a vacinação no Abrigo Cristo Redentor, que passou para a tutela do estado em 2008. Segundo ele, os próximos abrigos administrados pela pasta que terão a população vacinada são três instituições para pessoas com deficiência, em Conceição do Macabu, Araruama e Barra do Piraí.

"Estamos em conversações com os respectivos municípios para que a vacinação nesses abrigos ocorra o mais rápido possível", disse ele. 
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Uma das primeiras imunizadas acompanhou vacinação
Uma das primeiras pessoas a serem vacinadas contra a covid-19 no Estado do Rio, em cerimônia nesta segunda-feira, no Cristo Redentor, Terezinha da Conceição, de 80 anos, mora no abrigo e acompanhou a vacinação dos colegas no início da noite desta terça-feira.

Na ocasião, ela aproveitou para reforçar a importância da vacina.

"Eu tomei a dose, gente, e me sinto ótima, não doeu nada. Peço a todos que tomem, não tenham medo. Só assim pra gente poder sair dessa e voltarmos ao normal novamente", disse Terezinha.