Governador afastado do Rio, Wilson Witzel - Cléber Mendes/ Arquivo
Governador afastado do Rio, Wilson WitzelCléber Mendes/ Arquivo
Por Carolina Freitas
Rio - Os advogados do governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC), pediram a suspensão do processo em que ele é acusado de corrupção. As defesas alegam que o trecho de um vídeo da delação premiada do ex-secretário de Saúde, Edmar Santos, que incrimina Witzel, desapareceu. A ação corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os defensores de Wilson alegam que o processo só pode continuar quando o trecho reaparecer.
"(...) A gravação do vídeo interrompe no minuto 00:52:06, quando a extensão do vídeo indica haver outros 24 minutos de oitiva, suprimidos", citava uma parte do documento. 
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A defesa afirma ainda que o trecho que foi cortado tratava-se da parte mais importante do depoimento no que se refere à imputação contra o governador. "Porquanto traz relato que convenientemente o incrimina, mas que, não se sabe por que, foi apresentado somente por escrito, com inexplicável supressão do vídeo a ele correspondente", dizia outra parte do depoimento.
Além disso, o conteúdo que "desapareceu", que durava 24 minutos, alegava que o custeio da família Witzel no Palácio era feita pelo grupo do Pastor Everaldo, que foi preso na mesma operação que afastou Wilson
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As defesas afirmam que não há provas, indícios, depoimentos, perícias, dinheiro apreendido ou bloqueado, nada, enfim, capaz provar que Witzel tenha cometido qualquer crime. 
O DIA entrou em contato com a advogada Maria Cláudia Bucchianeri, que está no caso, que alegou que o vídeo em que Edmar Santos aparece fazendo a delegação premiada, é diferente do conteúdo que estava escrito no papel. "Quando fomos ver o vídeo, observamos que o que está lá é diferente do termo de delação escrito e assinado pelos membros do Ministério Público e pelo colaborador. Nós tivemos acesso a apenas alguns anexos. O STJ não franqueou ao governador todos os anexos, apenas as partes em que ele era mencionado", afirmou Maria.
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A advogada disse ainda que o principal trecho, o delator Edmar Santos teria dito a respeito de "um caixinha único de propina" que seria rateado entre todos, com especial destaque ao governador. "Não tem como saber se ele realmente falou isso, mas quando vamos ouvir a mídia, ela fica interrompida por 30 minutos. A parte em que supostamente acusa o governador de receber propina, não existem na mídia. Não sabemos por qual motivo houve o sumiço justamente no ponto principal em que se escora para a acusação", continua.
Bucchianeri também relata que em diversos trechos de outros anexos falas que estão no vídeo não aparecem no termo escrito.
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"Há momentos em que os procuradores induzem claramente o delator. A contratação do Iabas (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde), que custou quase R$ 1 bilhão é algo que impressiona. O colaborador diz simplesmente que não sabe a quem atribuir a responsabilidade por essa contratação. Os procuradores começam num momento de pressão e indução falando: "não é possível que você não soubesse, é evidentemente que existe um pai, o pai só pode ser o governador". Começam a manipular as palavras do delator. Nada disso está escrito no termo de delação."
"Os termos que nos foram apresentados não correspondem aos vídeos. Tem um pedaço importantíssimo que sumiu. Não há uma coerência, uma fidelidade, entre vídeo e registro. É uma falha gravíssima. Essa não é a primeira vez que isso acontece", concluiu a advogada.
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A reportagem entrou em contato com o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para comentar sobre o caso, mas até a publicação desta matéria, não obteve retorno.