Crimes de estelionato virutal triplicaram no ano de 2020 em relação à 2019 - Reprodução/Internet
Crimes de estelionato virutal triplicaram no ano de 2020 em relação à 2019Reprodução/Internet
Por O Dia
Rio - O isolamento social adotado no enfrentamento da covid-19 a partir de 13 de março de 2020 também impactou os registros de crime no Estado do Rio de Janeiro. O distanciamento social contribui para a redução de crimes como os contra o patrimônio, e alavancou outro tipo de delito, o estelionato em ambiente virtual que triplicou em 2020 em comparação ao ano anterior. As informações estão no boletim “Segurança em Números”, publicado pelo Instituto de Segurança Pública do Rio nesta quinta-feira (28/01) com os principais indicadores criminais no ano de 2020.
Os crimes mais impactados pela pandemia da covid-19, segundo o ISP, foram os crimes de trânsito, que apresentaram baixa com o isolamento, o estelionato, já citado, além de crimes contra a mulher. Este último apresentou queda nos registros em delegacia o que acendeu um alerta para os analistas do ISP para a subnotificação imposta pela pandemia, tanto pelo medo de contaminação quanto pelo maior contato das mulheres com seus agressores devido ao isolamento.
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Um dado otimista é que os crimes de letalidade violenta, morte de policiais e morte decorrente de ação policial também apresentaram queda em 2020 no Estado do Rio. O ano de 2020 apresentou os menores valores de homicídio doloso (3.536) e de latrocínio (87) desde o início da série histórica em 1991.
Confira abaixo os principais indicadores de 2020.
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Letalidade violenta caiu 18,2% em 2020
O indicador Letalidade Violenta – soma das vítimas de homicídio doloso, morte por intervenção de agente do Estado, roubo seguido de morte (latrocínio) e lesão corporal seguida de morte – apresentou queda de 18,2% em relação a 2019 e totalizou 4.892 vítimas em 2020.
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Jovens negros do sexo masculino representaram a maioria das vítimas de Letalidade Violenta em 2020. Houve 77 feminicídios em 2020, contra 85 em 2019.
As mortes por intervenção de agente do Estado atingiram o menor patamar dos últimos três anos da série histórica, com redução de 31,7% em relação a 2019.
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2020 também foi o ano em que menos policiais morreram, desde o início da série histórica em 1998.
Morte por intervenção de agentes do estado
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As mortes por intervenção de agente do Estado atingiram o menor patamar dos últimos três anos da série histórica, com 1.239 vítimas, uma redução de 31,7% em relação a 2019. No ano passado, foram contabilizadas 51 mortes de policiais militares e oito de policiais civis. Foi o ano com menor número de mortes de policiais em folga.
As principais circunstâncias da morte se dividem em Letalidade Violenta (42 mortes), acidente (10) e suicídio (7). Foram 17 mortos em serviço e 42 vítimas enquanto estavam em folga.
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Não foram contabilizadas pelo ISP as mortes por causa natural, as mortes causadas pela Covid-19 ou as mortes ocorridas fora do estado do Rio de Janeiro.
Apreensão de armas e drogas em queda
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Em 2020, foram apreendidas 6.440 armas de fogo pelas polícias. Dentre essas armas, encontram-se revólveres, pistolas, espingardas, metralhadoras, fuzis e outras categorias. Foi o menor número de armas de fogo apreendidas de toda a série histórica, desde 2003. No que se refere aos fuzis, foram apreendidas 284 unidades, o que representou uma queda de 48,4% em relação a 2019. Foi o menor número de fuzis apreendidos dos últimos seis anos.
Já a apreensão de drogas apresentou queda de 8,6% em relação à 2019. Foram 20.790 apreensões. Destas, 49,5% foram apreensões ligadas a tráfico de drogas, 42,4% foram apreensões por porte ou posse de drogas, e 8,1% foram apreensões sem autor.
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Violência contra mulher
Em 2020, os crimes de feminicídio e de tentativa de feminicídio apresentaram menos vítimas do que em 2019, atingindo os valores de 77 e 271 vítimas, respectivamente. Foram oito vítimas a menos de feminicídios, enquanto para tentativas de feminicídio foram menos 63 vítimas, o que representou uma redução de 18,9% em relação ao ano de 2019. O Instituto ressalta, no entanto, que a queda pode representar uma subnotificação dos casos uma vez que as mulheres em situação de violência ficaram em contato contínuo com o agressor durante o período de isolamento social.
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Foram vítimas de estupro 4.086 mulheres em 2020, 601 (12,8%) a menos do que no ano de 2019. A partir da série histórica mensal do delito, é possível observar uma grande redução no número de vítimas durante os meses de janeiro a junho de 2020. Os valores voltaram a aumentar no mês de junho e apresentaram estabilidade  durante os meses de agosto a dezembro, quando o número de vítimas passou a atingir o mesmo patamar do ano de 2019.
Apesar de o crime de estupro apresentar uma redução significativa de um ano para o outro, foi possível identificar que, em contrapartida, o percentual desses crimes que ocorreram em casa aumentou de 2019 para 2020. Segundo o ISP, 75,6% das vítimas que conseguiram realizar um registro de ocorrência relataram terem sido vitimadas dentro de uma residência, enquanto em 2019 esse percentual foi de 70,8%.
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O mesmo também pode ser observado para o crime de lesão corporal dolosa. No ano de 2020, 63,9% das vítimas registraram terem sido vitimadas em residência, enquanto em 2019 esse percentual foi de 60,8%.Tais percentuais reforçam a preocupação não somente com a subnotificação dos crimes, mas também com a vulnerabilidade em que se encontram essas mulheres e com as dificuldades por elas encontradas para denunciar a violência sofrida.
Crimes de estelionato em ambiente virtual triplica em 2020
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Um delito que sofreu forte impacto no período de isolamento social foi o crime de estelionato, principalmente os cometidos pela internet, ou seja, em ambiente virtual. Em 2020, o número de casos de estelionato cresceu 17,7% em relação ao ano de 2019, apresentando aumento principalmente a partir do mês de maio. Foram 41.253 casos durante o ano de 2019 e 48.552 em 2020.
Foi observado um aumento de 198,1% de casos em ambiente virtual no ano de 2020 quando comparado ao ano de 2019 – ou seja, o número de crimes foi três vezes maior. Em 2019, o estelionato em ambiente virtual representou 9,2% do total de casos de estelionato, em 2020 esse percentual chegou a 23,2%. Em 2019 foram 3.786 casos, em 2020 a modalidade virtual do crime de estelionato atingiu 11.285 casos, sendo os meses de maio, junho e julho os mais altos, com 1.143, 1.548 e 1.616 casos, respectivamente.
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Acidente de trânsito
Os acidentes de trânsito passaram a ter redução a partir do mês de março. Os homicídios culposos mantiveram-se estáveis, em um patamar mais baixo do que o esperado, até o mês de maio, voltando a aumentar a partir do mês de junho, chegando a valores superiores até mesmo ao ano de 2019, nos meses de julho e setembro, e iniciando assim uma tendência de aumento até o mês de dezembro. Foram registradas 1.859 vítimas fatais de acidentes de trânsito no ano de 2020,
6,1% a menos do que no ano anterior.
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Roubo de Carga
Em 2020, ocorreram 4.986 casos de Roubo de Carga, uma redução de 33,1% em relação ao ano anterior. Foi o menor valor observado nos últimos sete anos, apresentando patamares mais baixos do que o esperado durante quase todo o ano de 2020.
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Roubo de rua e de veículo
Os crimes de roubo de rua e de veículo apresentaram brusca redução dos casos a partir do mês de fevereiro e, posteriormente, também no mês de março. Iniciou-se uma tendência de queda nestes delitos que perdurou até o mês maio. A partir do mês de junho, no entanto, com o afrouxamento das medidas de isolamento, os valores começaram a apresentar uma tendência de aumento até que no mês de julho voltaram a se aproximar dos patamares apresentados antes do início do período de quarentena.
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Apesar dos aumentos identificados nos meses de junho e julho para os dois crimes em questão, os valores do ano de 2020, ainda assim, mostraram-se bem abaixo dos patamares identificados tanto no ano de 2019 como nos meses iniciais de 2020, anteriores à pandemia da Covid-19 (janeiro e fevereiro). Em 2020, houve 71.966 casos de Roubo de Rua, uma redução de 40,3% em relação ao ano anterior. Foi o menor valor observado nos últimos cinco anos. 
Em 2020, ocorreram 25.427 casos de Roubo de Veículo, uma redução de 36,0% em relação ao ano anterior. Foi o menor valor dos últimos oito anos.
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Prisão em flagrante
O número de autos de prisão em flagrante em 2020 apresentou redução em relação aos últimos anos, totalizando 31.162 prisões no ano, significando uma queda de 11,5% em relação ao ano de 2019. Já o número de autos de apreensão de adolescente por prática de ato infracional manteve a tendência de queda observada nos últimos seis anos, totalizando 4.583 apreensões em 2020, 24,3% a menos do que em 2019.