A operação Zero Ponto cumpriu mandados e prendeu seis pessoas no começo do mês - Polícia Civil / Divulgação
A operação Zero Ponto cumpriu mandados e prendeu seis pessoas no começo do mêsPolícia Civil / Divulgação
Por Thuany Dossares
Rio - A Polícia Civil irá investigar se funcionários do Detran e das prefeituras do Rio e São Gonçalo estavam envolvidos no esquema fraudulento de transferência de pontos de carteira de habilitação e de propriedade de veículos.
“É possível que servidores do Detran e das prefeituras estejam envolvidos no esquema. Inclusive, a segunda fase, o desdobramento vai ser correr atrás desses veículos que foram transferidos sem autorização, sem a permissão dessas locadoras, foram vários veículos”, explicou o delegado Adriano França, titular da Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (DAIRJ).
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Na ação desta segunda-feira, nenhum funcionário público ou terceirizado foi preso. Os presos foram Camila Batista Macedo e seu marido, Thiago Gomes, que eram os donos da empresa CT Multas, e de seus familiares Caroline Batista Macedo, Bruno Batista Macedo, Larissa Gomes Dazzi e Cibelle Henrique de Araújo.
De acordo com as investigações, os suspeitos angariavam clientes, principalmente, através de redes sociais.
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“Eles tinham um escritório, na Zona Oeste. Mas a casa tem um espaço grande e chame menos atenção por não ter a movimentação das pessoas. A casa era dividida entre lazer e a prática criminosa. Toda a transferência de dados e contrato de prestação de serviços era feita online”, disse França.
Segundo o delegado, a operação foi batizada de Zero Ponto porque essa era a intenção da quadrilha, zerar os pontos na carteira de habilitação quem foi autuado. Os pontos eram transferidos do real infrator da multa de trânsito para a dona da empresa ou terceiros.
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Parte do esquema também era feito dentro do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão. Em suas redes sociais a CT Multas fazia postagens oferecendo a retirada de pontos na carteira de quem havia sido multado dentro do aeroporto.
Os agentes checaram que mesmo sem ter documento de habilitação, Camila somava quase 3 mil multas em seu nome, totalizando cerca de 15 mil pontos de infrações de trânsito diversas.
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O delegado Gláucio Paes, corregedor do Detran, acredita que essas transferências podiam ser feitas por conta de uma falha no sistema do órgão.
“Essa investigação mostra para a gente que a gente tem que aperfeiçoar o nosso sistema. A gente vai ter que verificar onde existem as possíveis falhas e em alguns municípios são eles que administram o sistema”, declarou durante entrevista coletiva.
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Além da transferência de pontos de infração de trânsito, a organização criminosa também realizava transferência de propriedade do veículo para nome de pessoas que não sabiam da transação e sem autorização das mesmas.
As investigações, inclusive, iniciaram em julho de 2020, quando uma empresa de locação de veículos comunicou que um carro não havia sido devolvido, e ao checar no sistema, a polícia descobriu a transferência de propriedade de veículo, para um homem que não sabia da transação.